Denardi, L. M. A.; Lemos, E. P.
Artigo elaborado através do Trabalho de Conclusão de Curso
Uma das grandes preocupações dos professores, que lidam com crianças em sala de aula, é o distúrbio de atenção e concentração escolar. A organização cognitiva constitui base fundamental para o processo de aprendizagem. Ela é constituída no período da infância, passa pelo período de alfabetização e prolonga-se durante toda a vida. Vários fatores contribuem para a configuração do modo como a criança constrói sua maneira de ser. A personalidade, as características afetivas e emocionais, a forma de se comunicar e a maneira de entender o mundo em que vive, são fatores que se desenvolvem inicialmente em casa e são amadurecidos na escola, onde o universo familiar se amplia e novos desafios são incorporados. O distúrbio de atenção e concentração, além de comprometer a aprendizagem, pode estender-se para comportamento de hiperatividade; estes são fenômenos intimamente relacionados que contribuem para o surgimento de dificuldades em outras funções cognitivas como a linguagem, cálculo, capacidade de reconhecimento e planejamento (Florindo Stella, 2007).
Na visão da medicina chinesa, o distúrbio de atenção e concentração está relacionado com a deficiência energética do Baço já que este é a “residência” do intelecto. O Qi Pós-Natal e o Sangue, são a base fisiológica para o intelecto. Assim, se o Baço estiver forte, então o pensamento estará claro, a memória boa e a capacidade de estudar e gerar idéias também será boa. Por outro lado, se o Baço estiver debilitado, o intelecto estará entorpecido, o pensamento lento, a memória será prejudicada e a capacidade de estudar, concentrar e memorizar estarão deficientes (Giovanni Maciocia-2007). Porém podemos dizer que no processo da aprendizagem o Baço não está sozinho: o Intelecto do Baço, o Shen do Coração e a Força de Vontade do Rim, formam a tríade do pensamento, lembrança e memorização.
O Baço influencia a capacidade de pensar no sentido do estudo, porém o pensar demais no sentido da preocupação, ficar remoendo o passado, ou estudar demais, pode consumir demasiadamente a energia do órgão. O Coração é responsável pela memorização dos fatos ocorridos no passado, abriga a Mente (Shen) e influencia nossa capacidade de pensar claramente e enfrentar as adversidades. O Rim nutre o cérebro e influencia a memória recente (Giovanni Maciocia-2007).
A CROMOPUNTURA ou COLORPUNTURA é uma terapia holística, que consiste em aplicar luzes coloridas em determinados pontos de acupuntura. O objetivo desse trabalho é aplicar e avaliar a eficácia da técnica descrita pelo Dr. Neresh F. Pagnamenta, em dez crianças cursando o primeiro ano do ensino fundamental. Na técnica descrita pelo Dr. Neresh F. Pagnamenta, são usados vários pontos que tem como função energética promover a tonificação do Baço. Com exceção da “linha de neurastenia”, BP2 e BP3 (bilateralmente) que são estimulados durante um minuto, todos os outros pontos receberam a aplicação da luz por trinta segundos. Para que o tratamento fosse mais rápido e menos cansativo para as crianças, optamos por usar duas “canetas” simultaneamente na aplicação dos pontos BP 2 e BP 3, em varredura, em ambos os pés. Os pontos VC 15, VC 9 e E 21(bilateralmente) também receberam aplicações simultâneas diminuindo o tempo de terapia de dez minutos, para seis minutos em média. Selecionamos a classe do primeiro ano do ensino fundamental para aplicarmos a terapia. Após a seleção das crianças, a diretora da escola marcou uma reunião entre os pais e os terapeutas. Nesta reunião, após a apresentação da técnica e da “caneta” de Cromopuntura, todos os pais assinaram uma autorização permitindo que seus filhos pudessem ser submetidos à terapia. Cabe salientar que em nenhum momento, nem os pais, nem as crianças e nem mesmo a professora estiveram cientes do objetivo da terapia. Esta decisão foi aplicada para que não houvesse interferências na obtenção dos resultados.
Para padronização dos dados, as crianças foram avaliadas pelos seus pais e professora através de um questionário aplicado no inicio e no final da terapia; que consistia em perguntas objetivas sobre o comportamento das crianças em casa e na escola. Para elaboração do questionário, usamos como base os critérios usados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que classifica esse comportamento como “Transtorno Hipercinético” (OMS, 1998). São eles:
1-Desatenção com persistência de no mínimo seis meses, com prejuízo da manutenção da atenção nas atividades escolares, lúdicas e outras; impossibilidade de entendimento do que é dito e de compreensão de instruções elementares; comprometimento dos afazeres escolares; distração frequente desencadeada por estímulos externos irrelevantes; interrupção frequente das tarefas cotidianas.
2-Hiperatividade por tempo prolongado; inquietação psicomotora; perambulação excessiva pela sala de aula; brincadeiras barulhentas e inapropriadas.
3-Impulsividade com respostas abruptas sem elaboração cognitiva prévia e mesmo antes das questões terem sido completadas; não atendimento a determinações expressas em situações de jogos e brincadeiras coletivas.
4-Invasividade em que ocorrem a inserção de atitudes de desatenção e hiperatividade em vários ambientes, como na família, na escola ou outros ambientes de convívio social.
As sessões foram realizadas duas vezes na semana por dois terapeutas. Se a criança não estivesse presente no dia da terapia, a mesma era reposta no dia subsequente. Para a realização das sessões, a diretora da escola disponibilizou uma sala com condições próprias de iluminação e espaço físico. A aplicação das luzes foi feita através de um aparelho em forma de “caneta” constituída por uma ponta de cristal de quartzo transparente em formato cônico ou piramidal, uma lâmpada fria onde a luz é difundida e placas de acrílico coloridas que são inseridas entre a lâmpada e a ponteira de cristal, conforme o efeito desejado. As crianças entravam na sala em duplas aleatórias. Cada terapeuta era responsável pela aplicação das luzes em determinado número de pontos, seguindo a sequência abaixo.
Terapeuta 1
Linha de neurastenia (linha compreendida entre os pontos VB 14), luz lilás, durante um minuto.
VC 15 e VC 9, luz azul, durante trinta segundos, simultaneamente.
E 21, luz azul, durante trinta segundos, bilateralmente, simultaneamente.
BP 2 e BP 3, luz amarela em varredura, em ambos os pés simultaneamente, durante um minuto.
Terapeuta 2
VC 8, luz verde, durante trinta segundos.
VC 4, luz laranja, durante trinta segundos.
VC 22, luz amarela, durante trinta segundos.
VG 4, luz lilás, durante trinta segundos.
VG 14, luz vermelha, durante trinta segundos.
VG 16, luz azul, durante trinta segundos.
Os resultados obtidos foram muito satisfatórios. Todas as crianças apresentaram mudanças em um ou mais itens dos questionários. Segundo o relato da professora, mesmo aquelas que não apresentavam o distúrbio de atenção e concentração, tornaram-se mais questionadoras e participativas em sala de aula. Entre as crianças que apresentavam o problema, as mudanças foram significativas principalmente nos itens Leitura e Escrita.
A maioria dos pais mostrou-se satisfeita com os resultados, principalmente com as mudanças que ocorreram nos itens Convívio Familiar, Qualidade do Sono e Alimentação.
Os resultados obtidos estão resumidos nos quadros abaixo:
Quadro 1 – Quadro obtido após comparação dos questionários aplicados à professora no início e final da terapia.
Quadro 2 – Quadro obtido após comparação dos questionários aplicados aos pais no início e final do tratamento.
*A mãe relatou que a criança tornou-se mais agressiva e questionadora em relação às regras impostas pelos pais. Após avaliação do caso, constatamos que a família tem métodos rígidos de disciplina e interpretou as mudanças no comportamento da criança, que antes aceitava todas as imposições, como rebeldia.
**A criança que já apresentava uma alimentação deficiente em relação à quantidade (pela visão da mãe), apresentou perda de apetite durante a terapia.
Diante dos resultados satisfatórios, podemos dizer que a técnica preconizada pelo Dr. Neresh F. Pagnementa é efetiva.
Analisando os dados obtidos com os questionários comparativos, chegamos à conclusão que o distúrbio de atenção e concentração escolar depende do bom desempenho energético e funcional do Baço/Pâncreas. Ao utilizarmos pontos de tonificação e harmonização desse órgão, alcançamos não só um maior desenvolvimento intelectual, como mudanças no convívio social, hábitos alimentares e qualidade do sono, itens obrigatórios para se obter um melhor rendimento das funções do organismo e um bom equilíbrio energético.
Trabalho orientado por Profa. Larissa A Bachir.