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Qual a eficácia da acupuntura na angina crônica estável?

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Por Alice Pessôa Masson
Qual a eficácia e segurança do uso da acupuntura como terapia adjuvante para tratamento da angina crônica estável? Para buscar responder essa pergunta, um grupo de pesquisadores da Escola de Acupuntura e Tuina, da Universidade Chengdu de Medicina Tradicional Chinesa, desenvolveu um estudo clínico multicêntrico e randomizado, que avaliou esta técnica como terapia adjuvante para tratamento antianginoso e redução de frequência de episódios anginosos em pacientes com angina estável crônica.

Acupuntura na angina estável
Angina estável crônica é o principal sintoma da isquemia miocárdica e está associada a um maior risco de eventos cardiovasculares e morte súbita de origem cardíaca. Esta enfermidade afeta mais de 3,4 milhões de adultos acima de 40 anos por ano. O tratamento farmacológico atual se baseia em prevenir os episódios anginosos, controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida e prevenção de eventos cardiovasculares.

Métodos do estudo
A pesquisa clínica randomizada teve duração de 20 semanas com pacientes externos e internos dos centros clínicos da China entre outro de 2012 a set de 2015, totalizando 404 participantes entre 35 e 80 anos com angina estável crônica com base no critério diagnostico do Colégio Americano de Cardiologia e Associação Médica do Coração, com angina com frequência de três vezes por semana, que foram divididos em quatro grupos:

Grupo 1: Os pacientes deste grupo receberam acupuntura no meridiano afetado pela enfermidade anginosa. Os pontos escolhidos para esse grupo foram CS 6 (circulação e sexo 6) e TA5 (triplo aquecedor 5) bilateralmente. Acupontos relacionados com o meridiano do coração e do pericárdio. Foi realizado estimulo manual na inserção das agulhas para produção do deqi (sensação de choque, irradiação ou distensão). Foi colocado também uma agulha auxiliar a 2 mm do acupunto escolhido e com 2 mm de profundidade sem estímulo manual. Este método ajudar a direcionar os estímulo elétrico para o acuponto. Por fim foi realizado estimulação elétrica de 2Hz com intensidade de 0,1 a 2,0 mA (Modelo LH200A, HANS therapy Co).

Grupo 2: Os pacientes deste grupo foram tratados com acupuntura em acupontos não afetados pelo meridiano. Foram escolhidos as acupuntos P9 e P6 (ambos do meridiano do pulmão). Foi realizado estimulo manual na inserção das agulhas para produção do deqi (sensação de choque, irradiação ou distensão). Foi colocado também uma agulha auxiliar a 2 mm do acupunto escolhido e com 2 mm de profundidade sem estímulo manual. Este método ajudar a direcionar os estímulos elétricos para o acuponto. Por fim foi realizado estimulação elétrica de 2Hz com intensidade de 0,1 a 2,0 mA (Modelo LH200A, HANS therapy Co).

Grupo 3: Os pacientes desse grupo foram submetidos ao tratamento placebo de acupuntura. Foram usados 2 pontos padrões placebos como realizado em estudo prévio, sem estimulação manual e sem eletroacupuntura.

Grupo 4: Os pacientes de grupo não foram expostos ao tratamento de acupuntura.

Todos os participantes dos quatro grupos receberam a terapia antianginosa de acordo com as recomendações dos guidelines. Participantes dos grupos 1, 2 e 3 receberam tratamento com acupuntura três vezes na semana por quatro semanas, sendo submetidos cada um por um total de 12 sessões. Os participantes do grupo 4 não receberam acupuntura durante as 16 semanas do período estudado. A acupuntura foi realizada por acupunturistas com mais de três anos de experiência. Os participantes fizeram uso de anotações em diários para relembrar os episódios anginosos. O desfecho primário foi a mudança de frequência dos ataques anginosos durante as quatro semanas dentro das 16 semanas.

Os seguintes critérios de inclusão foram utilizados: participantes do sexo feminino ou masculino entre 35 e 80 anos, apresentando angina por mais de 3 meses com episódios anginosos ocorrendo no mínimo duas vezes por semana. Já os critérios de exclusão foram: pacientes com as seguintes condições foram excluídos do estudo: infarto do miocárdio prévio, insuficiência cardíaca grave, doença cardíaca valvar, arritmias graves, fibrilação atrial, cardiomiopatia primaria, transtornos psiquiátricos, alérgicos ou discrasias sanguíneas, diabéticos e hipertensos descompensados, outras doenças primarias grave sem controle adequado, doença cardíaca tratada com acupuntura nos últimos 3 meses, gestante ou lactante ou estar participando de outras pesquisas clínicas.

Resultados

Total de 398 participantes (253 mulheres e 145 homens foram incluídos analise de dados com intenção de tratamento. As principais mudanças de frequências de episódios anginosos variaram bastante entre os 4 grupos durante as 16 semanas. Uma maior redução foi observada no grupo 1 quando comparado com o grupo 2, 3 e 4 . Portanto, a grupo 1 apresentou um tratamento adjuvante superior na angina estável crônica.

Conclusão

A acupuntura foi realizada de forma segura em pacientes com leve a moderada angina estável crônica. Quando comparado com os grupos 2,3 e 4, o grupo 1 que recebeu acupuntura como tratamento adjuvante apresentou maiores benefícios dentro das 16 semanas. Deste modo, a acupuntura pode ser considerada com uma opção terapêutica adjuvante para alivio de angina em pacientes com angina estável crônica.

Pesquisa clínica randomizada

O que significa uma pesquisa clinica randomizada? Dos vários tipos de estudos experimentais, o de uso mais frequente, uma vez que proporciona evidências mais fortes, é o ensaio clínico randomizado (ECR). A alocação dos sujeitos de pesquisa pode ser de forma aleatória (randomizada) ou não aleatória. Os ensaios clínicos são estudos nos quais um grupo de interesse em que se faz uso de uma terapia ou exposição é acompanhado comparando-se com um grupo controle bibliografia.

Autor: Alice Pessôa Masson
Especialista em Medicina de Família e Comunidade (MFC) • Formada pelo Programa de Residência de Medicina Familiar e Comunitária da UERJ • Trabalha no CMS Salles Netto no município do Rio de Janeiro, no cargo de Preceptoria do Programa de Residência de MFC da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Referências bibliográficas:

fonte: PEBMED.COM.BR

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