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A cura pelas agulhas

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Há cerca de 4 mil anos, a acupuntura vem sendo praticada na China. Esse conhecimento milenar foi adotado no Ocidente principalmente a partir dos anos 1960 e, nas últimas décadas, passou a fazer parte dos consultórios veterinários. Assim como no caso de humanos, animais podem se beneficiar da prática de diversas maneiras, segundo a médica veterinária Ana Catarina Valle, pós-graduada em homeopatia e acupuntura veterinária e doutoranda em biotecnologia.

“A acupuntura é um tratamento que consiste na aplicação de agulhas em pontos definidos do corpo, chamados de ‘acupontos’, que se distribuem principalmente sobre linhas chamadas de ‘canais’”, explica.

“Essa técnica busca a recuperação do organismo como um todo, induzindo os processos regenerativos, normalizando as funções alteradas, reforçando o sistema imunológico e controlando a dor”, diz a médica veterinária.

De acordo com ela, há milênios são demonstrados benefícios aos pacientes com problemas gastrointestinais, respiratórios, musculares, urológicos, endocrinológicos, neurológicos e até mesmo dermatológicos.

Ana Catarina explica que a acupuntura atua harmonizando a energia vital. “Ao fazer isso, há um estímulo do sistema imunológico que auxiliará na homeostasia e na capacidade de autocura do organismo”, diz. Segundo a médica veterinária, essa prática faz com que o organismo libere endorfinas e outros hormônios, ao mesmo tempo que há uma diminuição das inflamações, sejam elas internas ou externas. “Os benefícios da acupuntura para animais são inúmeros, e os responsáveis de cães e gatos a cada dia vêm se surpreendendo com os resultados”, afirma.

A gerente de projetos Vanessa Lisboa Bastos está bastante satisfeita com os resultados do tratamento de Romeu, um “vovozinho” de 17 anos. “Ele foi diagnosticado com seis hérnias de disco. Uma delas comprime mais de 60% do nervo entre as vértebras. Ele estava bastante debilitado, sentindo muita dor na coluna. Além disso, também apresentava sangramentos diversos nas fezes, urina e vômitos”, relata. Durante dois anos, os tutores tentaram tratá-lo com medicamentos alopáticos. “Ele teve uma crise de dor na coluna que impedia qualquer movimento. Nesse dia, ele tomou analgésicos por via venosa. Depois disso, começamos com a acupuntura. Atualmente, faz acupuntura e fisioterapia na água”, relata. “Apesar de ele estar bem mais gordinho do que no início do tratamento, os resultados são incríveis. As dores diminuíram vertiginosamente. Ele está mais disposto. Quanto aos sangramentos, não acontecem mais. Isso tudo em um bichinho de 17 anos”, comemora.

O bulldog Oreo também está na acupuntura para amenizar dores na lombar. Ele já se tratava para as alergias com homeopatia e, em julho de 2017, começou a receber as “agulhadas”, depois de uma forte crise. “Começou a sentir muita dor na lombar, o que foi agravado pelo frio que estava fazendo”, conta a nutricionista Priscilla Araujo Lopes Coimbra. Só que, muito agitado, ele fez apenas uma sessão. Neste ano, Oreo teve outra crise, porém mais grave. “Foi horrível. Ele sentia tanta dor que chegava a hiperventilar. A gente acha que ele tem uma hérnia, mas pra confirmar teríamos que fazer uma tomografia, o que, além de caro, exige sedação”, explica Priscilla. De volta à acupuntura como tratamento principal, Oreo já aceita as agulhas, sem problemas. “Iniciamos com duas sessões por semana e fomos espaçando. Agora, ele está fazendo de 15 em 15 dias. Está muito bem! Sem nenhuma dor!”, relata a nutricionista.

Seja para animais ou humanos, a acupuntura tem sido bastante estudada em pesquisas científicas. Uma delas, publicada em julho na revista médica The British Medical Journal, avaliou a eficácia do método para tratamento de dor (de lombar a exaqueca), entre 20.827 pessoas. O resultado foi que, em 85% dos casos, os efeitos analgésicos das agulhas permaneceram por até um ano após o fim do tratamento. “Para os pacientes que respondem à acupuntura, ela melhorar consideravelmente aspectos da qualidade de vida associados à saúde e tem muito menos riscos que anti-inflamatórios não-esteroides”, concluiu Mike Cummings, editor de um periódico publicado pelo BMJ.

fonte: Correio Braziliense

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