Baseado no Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Libertas – Faculdades Integradas / CETN para obtenção do Título de Especialista em Acupuntura, das alunas Juliana R. T. Germano e Letícia Maria N. Itao
O estresse é uma alteração psicofisiológica do organismo, observado através de sintomas físicos e psicológicos, em reação a situações de tensão e opressão. O estresse é um grande responsável pela piora na qualidade de vida e do sono dos indivíduos. O estresse, para a medicina ocidental, é denominado como um conjunto de várias reações desenvolvidas pelo organismo, quando este é submetido a situações que exigem esforço e adaptações. O estresse e a ansiedade alteram a homeostase do organismo causando desequilíbrios hemodinâmicos, comprometendo a sua funcionalidade. É caracterizado por um estado de tensão proveniente de uma ruptura no equilíbrio interno do organismo. A sintomatologia de um indivíduo que apresenta ansiedade e estresse é caracterizado por: Insônia, dores (principalmente de cabeça), cansaço, irritabilidade, desânimo, falta de concentração, e pode ainda, dependendo do nível de ansiedade e estresse, apresentar hipertensão arterial, má circulação, prisão de ventre, alterações no sangue, dores musculares e problemas de pele. Os níveis de estresse e ansiedade podem ser verificados por meio de dosagem de cortisol, também chamado de glicocorticoide, que é um hormônio indispensável à vida produzido pelo córtex suprarrenal e tem ação sobre o metabolismo da glicose.
Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) a ansiedade e o estresse são entendidos como uma desarmonia da mente, podendo ser por uma situação de excesso, insuficiência ou estagnação do QI ou até mesmo de XUE (circulação do sangue) no coração ou em outro órgão que pode afetá-lo. Segundo a filosofia oriental, o coração abriga a mente e consequentemente os distúrbios relacionados à mente são resultantes de uma desarmonia ou desequilíbrio do coração como é o caso da ansiedade e do estresse. Dentro da estrutura da medicina tradicional chinesa, o estresse é comumente associado ao órgão do fígado (“gan”) e isso pode ser devido à função do fígado de “expurgar as emoções”. Além disso, o sintoma “sente-se estressado” é frequentemente atribuída como uma indicação de desarmonia pelo diagnóstico de Zang Fu. No entanto, “stress” não apresenta apenas um sinal ou sintoma singular para que sua identificação ocorra, mas sim um generalizado conjunto de sinais e sintomas que os indivíduos, mesmo sem ter a mínima noção do que se trata, como ocorre na maioria dos casos, relatam como estresse.
Embora os autores usem frequentemente o termo estresse, poucos deles oferecem subsídios ou uma definição operacional clara ou explicação para os supostos padrões da MTC a serem usados como base para o tratamento do estresse pela própria medicina tradicional chinesa, neste caso deve-se diagnosticar onde está ocorrendo o bloqueio de energia, entre outras coisas.
De acordo com a American Psychiatric Association, aproximadamente 33% da população mundial sofre com transtornos de ansiedade e estresse que caminham lado a lado. Portanto existe uma necessidade de estudos sobre o tratamento do estresse por terapias alternativas, tais como a acupuntura. Este TCC teve como objetivo, realizar uma revisão de bibliografia sobre a eficácia da acupuntura no tratamento do estresse. Foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados Scielo, Bireme e PubMed, utilizando os descritores acupuntura e estresse. Foram encontrados 1521 estudos, 08 foram eliminados por estarem em outra língua, 418 por serem estudos com animais, 574 por não estarem disponíveis na íntegra, 486 foram eliminados pelo título, 16 pelo resumo e 05 por estarem repetidos nas bases de dados.
Como resultado, foi apurado que em sete estudos foi utilizada a acupuntura tradicional como técnica; além de 5 estudos com acupuntura auricular e mais dois estudos com eletroacupuntura. Mesmo dentro destas características de tratamento ainda assim existem variáveis, pois os estudos que utilizaram acupuntura auricular lançaram mão de técnicas com sementes, cristais e agulhas e os estudos com acupuntura tradicional não utilizaram os mesmos pontos de estimulação durante o tratamento. Na conclusão existe um consenso entre os estudos onde todos encontraram resultados positivos, porém nem todos os estudos foram capazes de quantificar o nível de melhora dos seus pacientes. Seria de grande importância para a análise desses resultados, lembrar que não foi possível determinar um protocolo ideal para o tratamento do estresse através desse estudo porque os resultados não são homogêneos e não apresentam um padrão de tratamento. Além disso, todos os trabalhos apresentados aqui obtiveram resultados positivos em relação ao tratamento e diminuição do estresse, porém muitos desses estudos não conseguem definir qual a quantidade correta de sessões semanais e quanto tempo a terapia deve ser aplicada ao paciente. Também não foi definido em quanto tempo de tratamento que a terapia começa a provocar os efeitos desejados. Apesar dessas limitações encontradas neste levantamento, a acupuntura pode ser aplicada de diversas maneiras e atingir bons resultados no combate ao estresse.
Foi possível constatar, através deste estudo, que a acupuntura se apresenta como uma terapia eficaz no tratamento dos sintomas do estresse. No entanto, vale ressaltar que essa técnica não propicia melhoras imediatas e sim uma melhora contínua e gradual no quadro da doença tratada.
Ainda se faz necessário mais estudos com métodos mais padronizados da acupuntura, pois observamos neste estudo que as técnicas aplicadas para combater o estresse são variadas conforme a experiência do terapeuta.
Autora do artigo Carla Ceppo