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Lombalgia na visão da MTC e seu tratamento através de Auriculopuntura Francesa

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Fátima E. Barreto
Juliana de C. Brandão
Maria AP. Alves Munhoz

Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso, Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN

Lombalgia é a dor na parte “inferior” das costas, ou dor lombar, a dor que se localiza em qualquer região das costas (incluindo as nádegas), abaixo da borda inferior da última costela, que está aproximadamente nivelada com o ponto B21.

A área inferior das costas é intensamente influenciada pelos Meridianos da Bexiga e do Rim:
– O Meridiano principal da Bexiga flui ao longo das costas em duas linhas.
– O Meridiano muscular da Bexiga flui nos músculos ao longo da espinha.
– O Meridiano divergente da Bexiga flui ao longo da espinha.
– O Meridiano principal do Rim flui a partir do períneo ao longo da espinha e vai para os rins e a bexiga.
– O Meridiano muscular do Rim flui ao logo da face anterior da espinha.
– O Meridiano divergente do Rim flui para cima com o Meridiano da bexiga e, no nível do ponto B 23, encontra o Vaso Dai Mai.
– O Vaso-Governador, intimamente relacionado com os rins, obviamente flui ao longo da espinha.
– O Vaso-Penetração, também originando-se entre os rins, a partir do períneo, envia uma ramificação para cima ao nível do ponto B 23.
Quando os Rins são afetados pelo Vento, há uma sensação de peso no corpo e frio na parte inferior das costas, e o paciente se sente como se estivesse sentado na água. Não há sede, a micção é normal e o apetite não é afetado, portanto a doença localiza- se no Triplo Aquecedor Inferior em oposição aos próprios Rins. Isto é devido à transpiração durante o trabalho, tornando as roupas úmidas e frias. Se esta condição persistir por longo tempo, a parte inferior das costas irá apresentar dor proveniente do Frio e haverá uma sensação de peso ao redor da cintura, como se o indivíduo estivesse carregando 1.000 moedas ao redor da mesma.

Patologia

As três condições patológicas mais comuns são: retenção de Frio e Umidade, Estagnação de Qi e Sangue devido a esforço excessivo e Deficiência do Rim.

– Retenção de Frio e Umidade: A Umidade-Frio pode causar quadros agudos e crônicos de dor nas costas. A dor piora pela manhã e melhora com a aplicação de calor e piora com o clima frio e úmido. Na retenção de Umidade-Frio, há uma predominância de Frio ou Umidade. Caso haja predominância de Frio, pode ocorrer rigidez e contração dos músculos das costas, a dor é mais severa, é agravada pelo repouso e melhora mediante o movimento. Também responde à aplicação de calor, como bolsas de água quente. Se houver predominância de Umidade, pode ocorrer inchaço, formigamento e sensação de peso. Quando causada por Frio e Umidade, a dor na parte inferior das costas se constitui em uma forma de Síndrome da Obstrução Dolorosa.

– Estagnação de Qi e Sangue: A Estagnação de Qi e Sangue é caracterizada por dor severa, do tipo facada, que piora com o repouso e melhora com exercício moderado (embora possa piorar com esforço excessivo). A região é mais sensível ao toque, não responde às alterações do clima e piora muito nas posições em pé e sentada. Não mostra alteração mediante a aplicação de calor. Há também tensão e rigidez acentuadas dos músculos das costas e inabilidade de flexionar, estender ou girar a cintura. Nos casos agudos, a Estagnação de Qi e Sangue nas costas é causada por trauma (entorse).Nos casos crônicas, traumas repetidos causam crises recorrentes de dor, especialmente se houver um fundo de Deficiência do Rim.

– Deficiência do Rim: A Deficiência do Rim causa dor crônica nas costas. A dor é do tipo surda e surge em crises. Melhora muito com o repouso e piora mediante o cansaço. É agravada pela atividade sexual. Se causada por uma Deficiência de Yang do Rim, pode ocorrer uma sensação de frio nas costas; essa sensação pode apresentar pequena melhora com aplicação de calor. Uma Deficiência do Rim representa em si uma causa de dor crônica nas costas; mas forma também um fundo que facilita invasões de Frio-Umidade e traumas repetidos. Qualquer Deficiência do Rim pode gerar dor nas costas, embora a dor proveniente de Deficiência de Yang do Rim seja mais comum. Obviamente, a dor nas costas oriunda de Deficiência do Rim é mais comum na meia-idade ou entre os idosos. Entretanto, indivíduos jovens podem também sofrer desse tipo de dor; em tais casos, a dor é geralmente proveniente de uma deficiência hereditária do Rim. Excepcionalmente, pode ocorrer durante a puberdade, nas crianças que praticam excesso de trabalho físico (como as que
auxiliam seus pais na lida de uma fazenda) ou de exercícios (como ballet). Sob o ponto de vista energético, a puberdade é uma época vulnerável e o excesso de exercício pode enfraquecer seriamente os Rins e as costas.

Há uma interação considerável entre estas três condições. Por exemplo, invasões repetidas de Frio-Umidade causam retenção permanente de Umidade-Frio nos músculos das costas. Isto por um lado enfraquece os Rins, já que a Umidade-Frio interfere na transformação da Água do Rim, gerando Deficiência do órgão; por outro lado, obstrui a circulação de Qi e Sangue na região, causando Estagnação de Qi e Sangue.

AURICULOTERAPIA FRANCESA

A semelhança entre a orelha humana e o feto levou os sábios da antiquíssima civilização chinesa a estabelecer relações entre ambos. Assim a auriculoterapia tornou-se tão importante e surpreendente como a acupuntura. Em 1951 o Dr. Paul Nogier , recebeu em seu consultório pacientes que apresentavam uma cauterização na orelha feita por uma curandeira de Marseille, Madame Barrin, a função desta cauterização era aliviar dores de uma ciatalgia rebelde.

O ponto cauterizado localiza-se no ramo inferior da antélice, no ponto hoje denominado ciático. Apesar de usar em seus pacientes o mesmo procedimento e obter um resultado favorável, só após três anos de estudos o Dr. Nogier associou este ponto a pontos da coluna vertebral.

A Escola Francesa está associada ao desenvolvimento dos folhetos embrionários na formação do ser humano. Os folhetos embrionários dão origem aos diferentes tecidos, órgãos, sistemas, aparelhos do corpo humano. Através de estudos e pesquisas, o Dr. Nogier associou o endoderma, o mesoderma e o ectoderma a diferentes partes da orelha externa.

Base fisiológica do mecanismo de ação

Segundo a Medicina Tradicional
A orelha é o lugar de chegada e reunião de energia Tong – Mo (ativa). Ela se comunica com os doze meridianos da seguinte forma:
1- Diretamente com Vesícula biliar, Triplo aquecedor, Intestino delgado e Intestino grosso, Coração e Fígado.
2- Indiretamente com Bexiga, Rim, Circulação Sexo, Pulmão, Baço Pâncreas, e
Estômago.

Através dos King Lo ( Meridianos principais e secundários), o Yin – Yang chega á aurícula e constitui um sistema de reunião da energia vital. A orelha influi sobre os cinco órgãos, seis entranhas e quatro membros da Medicina Chinesa, refletindo o estado mórbido de todo o corpo. A sensibilidade dos meridianos principais e vice – versa. Assim, quando o ponto das vértebras lombares, a aurícula, se apresenta doloroso, o ponto B 64 também sofre a mesma manifestação. Se um meridiano está em desequilíbrio, o ponto reflexo da orelha também se manifesta doloroso.

Teoria da Neurofisiologia de Pavlov

A orelha apresenta áreas e pontos de inervação provenientes das raízes de C2 e C3, do nervo trigêmeo, do nervo facial e do nervo simpático que regem a sensibilidade e motricidade do rosto, cabeça, garganta, brônquios, esôfago e órgãos internos do tórax e abdômen. Suas ações são unificadas e regularizadas pelo córtex cerebral, o que pode explicar a ação reflexa da orelha sobre o corpo, e seus resultados terapêuticos. Os ramos nervosos da orelha refletem o estado fisiológico do organismo.

Segundo Pavlov, se a enfermidade ocorre em certo ponto do organismo, o sistema nervoso central a registra com uma “reação má”, trocando a nutrição
nervosa local em aporte negativo, o que pode produzir uma sintomalogia Yin de
caráter crônico. O estímulo reflexo da orelha altera esse estado através da recuperação da nutrição nervosa, o que aumenta a ação defensiva. Em resumo, o aparecimento de uma doença faz com que haja, no córtex, um reflexo que o obriga a encontrar os suprimentos energéticos de características semelhantes ao produzido pela enfermidade ( Yin – Yang) o que leva a um aumento sensível do problema patológico. Com o estímulo auricular o córtex cerebral aumenta o volume de energia nutricional do mesmo tipo que a corrente através da enfermidade, o que leva ao fenômeno definido por Hannemann como ” similia similibus curantur”. Apenas esse fenômeno é mais rápido e não provoca a a exacerbação dos sintomas, a não ser em raras exceções.

Mecanismo de ação sob ponto de vista fisiopatológico de Pavlov

1- Todo órgão tem relações diretas com o sistema nervoso central e, em particular, com o córtex cerebral. Na enfermidade órgão produz perturbação da energia nutriz de caráter Yin. A evolução da enfermidade faz aumentar a má estimulação do córtex resultando, daí, a má circulação da energia a nível de córtex. Ao punçar o pavilhão, ocorre uma estimulação de boa qualidade que substiuti a de má qualidade proveniente do órgão enfermo. A seguir, o influxo nervoso, tanto aferente como eferente a nível do córtex, se torna normal, melhorando a função de nutrição Yang. No órgão aumenta a força de resistência ante a pressão da doença e o objetivo de cura é alcançado.

2- A punção auricular pode modificar a secreção e o peristaltismo gástrico. Há uma relação íntima entre o córtex cerebral, os centros mais elevados, de um lado, o sistema vegetativo e de outro o sistema orto e parassimpático e, por fim, o tubo digestivo.

O presente estudo teve como objetivo verificar através do levantamento de dados e análise dos resultados, se a aplicação do protocolo de lombociatalgia do método de auriculo francesa pode beneficiar os indivíduos com dores lombares (lombalgia).

Método: Foi estabelecido o método quantitativo para entender e verificar a eficácia do protocolo de lombociatalgia do método de auriculofrancesa na lombalgia.

Materiais: Para realização do trabalho foi utilizado como instrumentos de investigação um questionário estruturado preenchido pelo paciente, termo de consentimento livre e esclarecido, agulhas tamanho 0.20×15, sala privada para avaliação, aplicação do protocolo de lombociatalgia e reavaliação.

Sujeitos: O material utilizado foi uma amostra de 15 mulheres, com idade entre 40 e 70 anos, portadoras de lombalgia, com níveis de dor variados de 0 a 10, sendo 0 nenhuma dor e 10 dor insuportável, mulheres que não faziam nenhum tratamento para dor lombar ou utilizavam qualquer medicamento para alívio dos sintomas (para não interferir nos resultados da pesquisa).

Procedimento: Os indivíduos escolhidos compareceram na clinica com horário marcado. Para aplicação do protocolo, a paciente deitava na maca, a avaliadora fazia a assepsia da orelha e colocava as agulhas nos pontos determinados no protocolo de lombociatalgia da auriculofrancesa. As pacientes deveriam ficar com as agulhas na orelha durante 20 minutos. Foram feitas cinco aplicações em cada paciente com intervalo de sete dias de uma aplicação para outra, a cada aplicação era feita a escala de dor e todo protocolo de aplicação de novo. Foi registrado relatos das pacientes quanto o grau de dor em cada aplicação. O método adotado foi unir as informações dos materiais bibliográficos encontrados, análise dos dados e a estatística da pesquisa de campo para avaliar a eficácia do protocolo de lombociatalgia da auriculofrancesa nos sintomas de lombalgia.

RESULTADOS E CONCLUSÃO:
Após a análise dos dados, observamos que a maioria das pacientes apresentou dor acima de 6 (dor média) antes da primeira aplicação, dores que, em todos os casos, geram dias não produtivos, produzindo desconforto e limitações para atividades de vida diária (AVDs) e muitas vezes afastamento no trabalho. A dor lombar (lombalgia) leva muitas vezes ao consumo de medicamentos na maioria das pacientes, podendo gerar efeitos colaterais à curto ou longo prazo. Por isso a importância de se estudar métodos alternativos no tratamento da lombalgia visto que a Auriculoterapia Francesa é uma técnica de custo baixo, de simples aplicação e que não provoca efeitos colaterais.

Antes da primeira e após cada aplicação do protocolo de lombociatalgia da auriculofrancesa colhemos dados sobre a quantidade de dor. Antes da primeira aplicação as pacientes apresentavam média de nível de dor de 57%, após as aplicações o nível de dor caiu de 57% para 28%, observamos então que a melhora na média geral foi de 49%, podemos constatar que as mudanças após o tratamento com o protocolo de lombociatalgia da auriculofrancesa foram satisfatórias. 

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