Bruna Toledo Gomes
Cassiana da Costa Stetner
Maira Possi Marques Pacheco
Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso, Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN
Dentre as doenças do sangue, a anemia ferropriva é a anemia carencial mais freqüente na prática clínica, pediátrica e hematológica, sendo mais prevalente em associação com baixos padrões socioeconômicos, conforme demonstram diversos estudos. Estima-se que 40% das crianças abaixo dos quatro anos de idade são anêmicas.
A reconhecida relevância da anemia ocorre não somente por causa da magnitude de sua prevalência, mas pelas conseqüências observadas. Em crianças pode estar associada com o atraso de desenvolvimento neuropsicomotor, com o comprometimento da imunidade celular e com a diminuição da capacidade intelectual/cognitiva.
Apesar das facilidades técnicas e dos custos relativamente baixos requeridos para a avaliação quantitativa do problema, ainda não se dispõe, na maioria das nações, inclusive no Brasil, de estudos efetivamente representativos sobre sua ocorrência, muito menos sobre o status populacional de ferro e sobre avaliação de implantação e impacto dos programas de controle.
Muito provavelmente tal desinteresse seria explicado pelo aparente consenso de que o problema estaria esgotado como tema de investigação. Admite-se, de uma forma um tanto arbitrária, que a grande maioria das anemias decorre simplesmente da carência primária de ferro. Esta avaliação simplificada teoricamente satisfaz a compreensão da situação etioepidemiológica das anemias e das diretrizes estratégicas universais recomendadas para seu controle, como o enriquecimento de alimentos com ferro e folato, na presunção de que estariam cobertas suas duas grandes vertentes etiológicas sob o ponto de vista de carência nutricional primária.
Com o intuito de aprimorar o olhar sobre essa doença, é que este estudo busca complementar, por meio de recursos da MTC, as possibilidades preventivas e de tratamento.
Para isso, tomou-se como público alvo crianças de baixo nível socioeconômico, freqüentadoras de uma instituição da cidade de Itu.
A MTC por ter uma visão mais holística pode ser muito eficaz também para identificar as possíveis causas da doença e agir nesse foco, prevenindo novas ocorrências e possibilitando maior qualidade de vida, podendo até mesmo agir sobre (ou prevenir) algumas reações adversas observadas pelo uso do sulfato ferroso em algumas pessoas, como: náuseas, dores abdominais, diarréia, reações alérgicas, entre outras.
No entanto, os recursos utilizados devem ser bem escolhidos, visto que necessitam ser aceitos pelas crianças que serão tratadas.
O método escolhido, portanto, foi a cromopuntura (tratamento que faz uso de cores específicas para alcançar seus objetivos) por ser barato, não invasivo e bem aceito pelo público em questão.
Para fins diagnósticos foram realizadas entrevistas com os pais ou responsáveis e observação clínica de sinais e sintomas, além de exames (hemograma) da medicina ocidental, uma vez que não é a intenção criar um método de tratamento substituto para os que se tem atualmente, e sim complementar. No entanto, o método foi aplicado em crianças que apresentam a doença em estágio inicial (leve) para que se pudesse melhor observar sua eficácia, sem a intervenção, ainda, do sulfato ferroso.
Metodologia: O local escolhido para a aplicação da pesquisa é denominado Lar André Luiz, uma instituição voltada para a atenção de crianças provenientes, em sua maioria, de famílias de baixa renda. Das crianças que realizaram os exames sanguíneos puderam-se identificar quais apresentavam a doença (anemia Ferropriva) na fase inicial e, com a permissão dos responsáveis, formaram o grupo que participou da pesquisa.
Entrevistas com esses cuidadores, juntamente às observações clínicas, mostraram o perfil (diagnóstico energético) do grupo, o que auxiliou na condução do tratamento e nas orientações que foram passadas posteriormente.
O tratamento consistiu na realização de cromopuntura, utilizando as cores laranja e vermelho que foram aplicadas em pontos específicos. Foi realizado três vezes na semana durante o período de três meses.
No início, após a aplicação da cromopuntura foi afixado nas crianças o feno grego nos pontos determinados, visando uma potencialização do tratamento.
Os pontos utilizados foram: B17, B20, BP6, BP10, F8, VB39, E36
As cores utilizadas nos pontos foram: vermelho e laranja, um minuto em cada, uma vez por semana.
Passado o período de tratamento, novas coletas de sangue foram realizadas para avaliação da eficácia da proposta.
Os pais/responsáveis receberam orientações referentes aos cuidados que devem ter com cada criança especificamente e os coordenadores da creche receberam uma devolutiva sobre a pesquisa.
Das vinte nove crianças atendidas, dezenove foram autorizadas pelos pais/responsáveis a realizarem o exame para fins diagnósticos. Apenas cinco apresentavam a doença na fase inicial.
Cabe aqui apresentar os valores que caracterizam a doença como fase inicial. No hemograma completo é verificada a quantidade de hemoglobina (Hb) encontrada em um decilitro (100 ml) de sangue total o que serve para medir a gravidade da anemia e monitorar a resposta à terapia. Os valores considerados normais para a faixa etária do estudo são 12 a 16 g/dl, portanto valores um pouco abaixo desses pode indicar uma anemia que se inicia.
O uso da cromopuntura foi bem aceito pelo grupo investigado e até pelas outras crianças da instituição que ao verem os colegas sendo tratados pediam para participarem também. Já o uso do feno grego, que seria afixado nos pontos escolhidos para potencializar o tratamento da anemia, não obteve o mesmo sucesso. As crianças mostraram-se incomodadas e relatavam dor ao retirar o esparadrapo que o afixava, por isso foi suspenso da pesquisa.
Apesar da boa aceitação por parte dos responsáveis, a maioria não se mostrou ativa no tratamento dos filhos.
Findo o período estabelecido para o tratamento, nova coleta de sangue foi realizada para avaliação do método escolhido.
Resultados: Após o tratamento realizado e após a nova coleta de sangue observou-se os seguintes dados:
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Lembrando que os valores de hemoglobina considerados normais são de 12 a 16g/dl nota-se uma melhora final dos valores dessas células em todas as crianças. Uma conseguiu chegar ao valor tido como ideal (2) e outras três chegaram perto (3, 4 e 5). Apenas uma (1), apesar do discreto aumento do nível de hemoglobina, ainda ficou bem abaixo do esperado.
Ao final do tratamento as crianças mostraram-se mais expressivas, com uma discreta melhora do tônus muscular e da comunicação, estavam mais participativas, atentas e animadas. Em algumas o chiado do peito manteve-se, porém em todas os diagnósticos das línguas continuaram os mesmos.
As crianças cujos exames permaneceram alterados foram encaminhadas ao pediatra para continuidade de tratamento e supostamente para a ingestão do sulfato ferroso.
Na devolutiva para a creche, que aceitou bem o tratamento proposto, a coordenação relatou que percebeu a melhora no comportamento do grupo tratado.
Conclusão: A Cromopuntura mostrou-se um eficiente recurso da MTC para o tratamento da anemia ferropriva. O uso das cores foi bem aceito pelas crianças do grupo de pesquisa e despertou a curiosidade das demais crianças da creche que também queriam ser tratadas. Esse método não é invasivo e demanda o tempo suficiente para manter a criança entretida e comprometida com seus cuidados. Conforme os resultados obtidos, talvez seja melhor indicado como complementar ao tratamento tradicional, uma vez que necessita ser realizado por no mínimo três meses para se observar o surgimento de mudanças, o que exige disciplina dos pais/responsáveis para mantê-lo até o final. Em casos onde a anemia apresenta-se em estágios mais avançados não deve ser recomendado como única forma de tratamento.