JUSSARA APARECIDA FRANQUIN
LUCINÉIA LÚCIA XAVIER PICCOLI
Artigo elaborado através do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Libertas – Faculdades Integradas / CETN para obtenção do título de Especialista em Acupuntura, Bauru – 2013.
INTRODUÇÃO: Conceitualmente a obesidade caracteriza-se pela disposição corporal exacerbada de adiposidade, resultado da ingesta energética excessiva, em contrapartida a um gasto menor de energias. Para a MTC a obesidade corresponde a uma estagnação de Qi, como conseqüência da alimentação irregular e do estado emocional que ocorre enquanto o indivíduo se alimenta.
OBJETIVO: Comparar a obesidade sob a ótica da Medicina Tradicional Chinesa e da Medicina Ocidental.
MÉTODOS: Este estudo trata-se de revisão de literatura, de abordagem qualitativa, de caráter descritivo, não – experimental.
DESENVOLVIMENTO: A contextualização da obesidade na MTC
Todos os seres humanos apresentam necessidades calóricas que devem ser supridas adequadamente, de forma a propiciar sua função vital. Apesar disso, pessoas com antecedentes de desnutrição são susceptíveis a deficiências na oxidação das gorduras, dificultando a lipólise, acumulando – as. É importante ressaltar que a cada 5 unidades acima do ideal no parâmetro de Índice de Massa Corpórea (IMC = massa / (altura x altura), o risco de fibrilação atrial aumenta 4%. Portanto, além de conhecer o percentil que determina o grau de obesidade, a distribuição corporal da gordura também é fator importante. Anteriormente, a medicina ocidental considerava além do IMC a relação cintura/quadril (RCQ) para classificar sobrepeso e obesidade. No entanto, atualmente tem sido usual a análise da circunferência da cintura (CC), para determinar o grau de adiposidade abdominal (ARAÚJO; BEZERRA; CHAVES, 2006; MS, 2006).
Dentre as alterações metabólicas que podemos encontrar nos obesos ressalta-se a esteatose hepática (EH), caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado, principalmente triglicerídeos, atingindo 5 a 10% do peso total do órgão. Em indivíduos obesos existe uma relação direta entre índice de massa corporal (IMC) e severidade da EH. (ALDISSEROTTO; SODER, 2009).
No passado estas patologias eram encontradas em adultos. Porém agora são identificados nas crianças, principalmente pela introdução nas dietas dos alimentos tipo fast – food. Assim, estudos propõem que as educação alimentar para hábitos saudáveis, se forem adquiridas na infância, fará com que este fenômeno não se perpetue para a vida adulta (ARAÚJO; BEZERRA; CHAVES, 2006).
Entretanto, para a MTC os 5 elementos influenciam na capacidade de ganho e perda ponderal, uma vez que rege o (des) equilíbrio energético. Sabe-se que uma Deficiência do Qi e do Yang do Baço/Pâncreas acarretam lentidão dos pensamentos e ações, secreções do trato respiratório, resultando em sobrepeso e obesidade, além do pulso vazio. Já a Deficiência do Qi e do Yang do Rim também resulta em excesso de peso, retenção de líquidos, frio em dorso e membros inferiores. Ambas as deficiências demonstram que o desequilíbrio energético pode resultar em obesidade (RADUNZ; ROCHA; SEBOLD, 2006; ).
A alimentação no contexto da MTC é a energia necessária para nutrir o corpo, uma vez que mantém o sangue circulante. O sangue por sua vez leva nutrientes que vão nutrir o organismo, sendo ele considerado o transporte do Qi. Quando esta energia nutritiva está em desarmonia, há a alimentação compulsiva, como forma compensatória da energia perversa, pois é resultado da raiva, da ansiedade, do nervosismo, do desamor e do medo (RADUNZ; ROCHA; SEBOLD, 2006; ERNST; WHITE, 2001; MACIOCIA,2007; KLEIJNEN; VICKERS, 2002).
Portanto, para fluir o Qi, a MTC sugere diversas técnicas de acupuntura, tais como a auriculoterapia, punção sistêmica com agulhas, moxabustão, eletroacupuntura entre outros. A eficiência da técnica fundamenta-se na seleção de acupontos existentes na superfície corporal, cujos estudos apontam que existem 361 acupontos clássicos, e mais de 2.000 fora dos meridianos. Para a MTC, o tripé diagnóstico, acupuntura e reorganização energética possuem a função de movimento, cujo resultado esperado é a desobstrução dos meridianos que causaram a estagnação da energia (RADUNZ; ROCHA; SEBOLD, 2006; ERNST; WHITE, 2001; ROSSETTO, et al, 2012; CHO; LICAC; MA, 2006; KLEIJNEN; VICKERS, 2002).
RESULTADOS: O estudo demonstrou congruência quanto aos comportamentos de risco que levam à obesidade, assim como a necessidade de tratamento.
CONCLUSÕES: Tratar a obesidade é algo que deve ser prioritário, tanto pela medicina clássica como a chinesa, pois o equilíbrio energético, conhecido como saúde, é fundamental ao ciclo vital, um direito a que todo ser humano faz jus ao nascer. Este trabalho pode demonstrar que ambas as abordagens possuem condições de favorecer a perda de peso, cada qual com sua ciência, mas possivelmente sendo complementares.
Orientado por Gislaine Paula Ferrari, adaptado por profa Brena Montanha.