Alexandre Luís Filócomo
Claudia de Medeiro Netto Beccari
Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso, Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN
Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) a insônia, dentre outros fatores causais, está relacionada com excesso de ansiedade e de trabalho prejudicando as funções do coração (Xin) e do baço (Pi); interrupção nas funções fisiológicas de coordenação entre o Coração (Xin) e o rim (Shen); hiperatividade do Yang do fígado (Gan) devido a uma deficiência do Yin; deficiência do Qi do Coração (Xin) e da vesícula biliar (Dan); desordem do Qi do estômago (HONG, 2005).
De acordo com o supracitado as teoria da MTC, o Coração (Xin) é o responsável, governante, da Mente (Shen), sendo assim é o Órgão (Zang) mais envolvido nos casos de pacientes portadores de insônia e aquele que deve ser tratado direta ou indiretamente. Além disto, pontos que estimulam a Mente (Shen) devem ser sempre considerados nesses pacientes podendo ser tratados por vários tratamentos específicos.
Os distúrbios do sono, principalmente o sono näo reparador, constituem um dos achados mais frequentes na clínica diária. Estão, geralmente, relacionados à dores crônicas do sistema músculo-esquelético, fadiga crônica e alterações emocionais.
Para realizar o tratamento para insônia, primeiro devem-se identificar as causas, seja pelo excesso ou deficiência de energia, depois escolher o melhor tratamento. Os objetivos variam pra cada pessoa, mas no geral incluem acalmar a mente e retirar o excesso das energias que causam agitação durante a noite ou tonificar as energias que estão em deficiência e liberar os canais em que a energia se encontra estagnada( MOURA SANTOS, 2013).
Para que haja uma precisão na seleção de pontos que serão usados no tratamento é muito importante que o diagnóstico seja feito detalhadamente. ” Tudo que está no interior deve se manifestar no exterior. Para conhecer o interior, é preciso observar o exterior.” Zhu Zheng Hen (1280-1358).
A etapa do diagnóstico, é o principal fator determinante do sucesso do tratamento. Este deve ser constituido de: Inspeção (observa-se alterações gerais e específicas do paciente); Interrogatório (permite conhecer as circunstâncias de aparecimento e evolução da doença, assim como outros fatores relacionados); Exame áudio-olfativo (ouvir o som da voz e os diversos ruídos do doente e sentir os odores do corpo); Auditivo (exame dos sons emanados pelo paciente); Olfação (odores anormais do hálito, das secreções e das excreções); Palpação (pulso, zonas de alarme, pontos fonte, pontos Ashi, meridianos).
Após diagnostico, o tratamento prossegue corrigindo hábitos inadequados, deve ser o primeiro passo para melhorar a qualidade do sono. Técnicas de relaxamento e psicoterapia também podem ajudar. A pessoa que sofre de insônia deve regular seus horários de dormir e acordar. Não adianta, por exemplo, ficar na cama até mais tarde para compensar uma noite mal dormida. Atividades estimulantes durante a noite (televisão e computador) e excesso de cafeína, álcool e comida à noite são um “veneno” para quem tem problemas para dormir. Nicotina, excesso ou falta de exercício físico também (FILHO, 2007).
O tratamento na MTC (medicina tradicional chinesa) não é padronizado como alguns protocolos como a medicina ocidental. Existem circunstâncias em que primeiro busca-se harmonizar o paciente, trazendo equilíbrio energético, minimizando os períodos e intervalos de insônia. Sugerimos algumas técnicas: shu antigo/ tonificação e sedação/ ponto fonte(yuan)/LOU e XI (PASSOS, 2007).
Outras técnicas dar-se a terapias, podemos citar algumas, dentre elas destacam-se: Terapia de controle do estímulo do sono, basicamente melhora o sono inicial, e reduz o tempo de vigilia após adormecer. O paciente é orientado a estabelecer um horário para se levanter pela manhã, independente da qualidade e quantidade do sono essa terapia é baseada na premissa de que a insônia é uma resposta condicionada aos fatores temporais (tempo despendido na cama), e ambientais (quarto de dormir/cama) relacionados com o sono, tendo como objetivo treinar o insone a reassociar o quarto de dormir e a cama com o início rápido do sono.
Outra Terapia de Restrição do Sono conforme SOARES (2006), é baseada em horários preestabelecidos para o despertar, e trabalha no conceito de eficiência do sono (porcentagem do tempo de sono em relação ao tempo de permanência na cama).
PASSOS (2007) diz que esta terapia consiste na redução do tempo despendido na cama, de modo que este se aproxime do tempo total de sono, por exemplo, se o insone relata que dorme cinco horas e permanence na cama por oito horas, recomenda-se que reduza o tempo despendido na cama para cinco horas.
Conforme SOARES (2006), a terapia cognitiva tem por objetivo eliminar as crenças e as atitudes errôneas relacionadas ao sono, como uma falsa expectativa do tempo necessário de sono, uma concepção inadequada das causas da insônia, e a amplificação das consequencias. Ainda, relata a terapia de relaxamento, esta intervenção foi estabelecida a partir da observação de que frequentemente os pacientes com insônia relatam um alto estado de alerta, tanto durante a noite quanto durante o dia. Os principais relaxamentos são o muscular progressivo (tensionar e relaxar diferentes grupos musculares de todo corpo, visando diminuir o alerta fisiológico) e o biofeedback (utiliza estímulos visuais, como imagens confortáveis, cores neutras, músicas, para desfocar a atenção do paciente).
A acupuntura vem se mostrando uma opção muito eficiente para o tratamento da insônia. O tratamento da insônia por meio da acupuntura é extremamente eficaz. Há uma melhora na qualidade do sono dos nossos pacientes em até 98% com esta técnica(SOARES, 2006). A Acupuntura deve ser aplicada semanalmente, até que o padrão de sono normal seja restabelecido. Só depois as sessões poderão ser quinzenais e, em seguida, mensais. Mas o terapeuta alerta que é importante identificar a causa do distúrbio para, a partir de então, adotar o procedimento correto. Embora a acupuntura contra a insônia possa ser realizada em qualquer horário, o ideal é que aconteça no final do dia. Assim, o estresse será reduzido, favorecendo o sono mais tranqu¨ilo ( PASSOS, 2007).
Durante o período de pesquisa foram localizadas 20 publicações, que possuíam como abordagem principal a insônia. Alguns trabalhos trouxeram tratamentos não medicamentosos, cognitivos e/ou comportamentais, como foco de estudo, porém não incluíram a Acupuntura como opção de tratamento, apenas um trabalho em português de SILVA FILHO e PRADO (2007), abordou a acupuntura como principal de forma de tratamento para a insônia, sendo necessário realizar novos estudos acerca do tratamento da insônia dentro da Medicina Tradicional Chinesa.
Dos outros artigos localizados na língua inglesa, sua grande maioria apresentava a Acupuntura como forma de tratamento, porém houve uma dificuldade no acesso, devido apenas alguns artigos apresentarem-se na integra, não possibilitando uma análise fiel dos dados abordados e propostos.
No geral os artigos que encontravam-se dentro dos critérios de inclusão propostos na metodologia, relatavam uma elevada eficácia na Acupuntura como tratamento da insônia. Dito ainda por SOARES (2006), que a uma melhoria na qualidade do sono dos pacientes é de até 98%.
CONCLUSÃO:
SILVA FILHO e PRADO (2007) descrevem a acupuntura assim como as demais técnicas da MTC de grande valia para a população sendo amplamente indicada para uma grande variedade de doenças incluindo a insônia dentre essas doenças. Diante dos artigos pesquisados, foi possível identificar que a insônia esta cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, e que cada ano há o aumento de publicações a respeito desta desordem do sono, e de tratamentos, o que nos leva a acreditar que a busca de tratamentos para a insônia esta cada vez mais voltada para os tratamentos não medicamentosos e para as terapias complementares, e/ou cognitivas, que podem trazer menos danos à saúde, e menos dependência, sendo necessária a elaboração de novas pesquisas a respeito deste tema, incluindo principalmente estudos de caso, ensaios clínicos e também revisões.