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Acupuntura no tratamento de úlcera varicosa

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Adriana Maria Volpato Carlos
Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso, Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN

As úlceras venosas representam um significativo impacto social e econômico devido ao seu caráter recorrente e o longo tempo necessário à sua cicatrização. A insuficiência venosa acarreta uma série de alterações físicas que ocorrem principalmente nos membros inferiores devido à hipertensão ou obstrução venosa. Este estudo aborda um tratamento de úlcera venosa, através do método de acupuntura, combinado com outros tratamentos, com o objetivo de avaliar a eficácia da acupuntura na cicatrização da úlcera venosa. A úlcera crônica causada por insuficiência venosa crônica (IVC) dos membros inferiores é uma doença com registros desde os papiros egípcios, pois das doenças de etiologia venosa, é a que mais afeta o ser humano (JORGE; DANTAS, 2005). Essa moléstia causa ao indivíduo alterações importantes que poderão não interferir diretamente na execução das suas atividades, mas, após um esforço prolongado, em ortostase, poderá ocasionar dor no local da lesão.

Na Medicina Tradicional Chinesa, a úlcera venosa aparece quando existe Estagnação de Qi e do Xue (Sangue) ocasionado pelo Vazio de Qi e de Xue e que pode ter origem na Deficiência do Gan (Fígado), cuja função de direcionamento do Xue fica comprometida, ou por doenças crônicas debilitantes ou, por desaparecimento de Qi.

Esse tipo de moléstia é responsável por índices de morbidade e mortalidade significativos; além de provocarem considerável impacto socioeconômico (SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2008). Percebe-se ainda, a existência de uma íntima ligação entre o envelhecimento populacional e o surgimento de certas moléstias associadas às mudanças dos hábitos alimentares, sedentarismo, ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo e do estresse, atingindo principalmente o sistema circulatório.

Causas das úlceras venosas dos membros inferiores : Embora muitos aspectos fisiopatológicos envolvidos na formação da úlcera venosa permaneçam no terreno do contencioso, alguns aspectos, como veremos a seguir, já estão exaustivamente comprovados.

Nos membros inferiores o sistema venoso pode ser subdividido em superficial e profundo de acordo com sua posição em relação à fáscia. O sistema venoso profundo, situado no interior das fáscias e numa íntima relação com os feixes musculares, converge para formar as Veias Poplítea e Femoral. A veia Safena Magna que tem seu trajeto na face medial do membro desde o pé até a prega da virilha e a Safena Parva que percorre a face posterior da panturrilha, são os principais troncos do sistema venoso superficial e respondem pelo retorno venoso dos tecidos subcutâneos, pele e adjacências. Esses dois sistemas se comunicam através de veias que perfuram a fáscia e que são por isso chamadas de perfurantes. Caprichosamente, as veias desses três sistemas são dotadas de uma estrutura valvular que orienta o fluxo sanguíneo em uma única direção. De tal forma que, em condições normais, o fluxo venoso transita do sistema venoso superficial para o profunda e de baixo para cima em direção ao coração.

O equilíbrio e o funcionamento harmonioso desse sistema faz com que o indivíduo em repouso e deitado tenha uma pressão venosa medida no tornozelo em torno de 10mmHg e, ao se por em pé e parado, de cerca de 80mmHg por ação da pressão hidrostática – peso da coluna vertical de sangue desde a aurícula direita até o tornozelo. A compressão da planta dos pés – bomba plantar – e a compressão dos músculos da perna – bomba da panturrilha – que ocorre com a deambulação comprimem as veias e impulsionam o sangue direcionado pelas válvulas no sentido do coração. Na deambulação normal os músculos da panturrilha fazem cair a pressão venosa em aproximadamente 70% nas extremidades inferiores. Ao voltar à condição de repouso a pressão retorna ao níveis normais em aproximadamente 30 segundos e as veias profundas voltam a se encher com o sangue provenientes das perfurantes e dos músculos. E esse ciclo se repete indefinidamente, com o sangue seguindo sempre no mesmo sentido: do superficial para o profundo e deste para o coração dentro de um regime de pressão que mantém o equilíbrio das trocas metabólicas no território capilar arterial, venoso e linfático.

Qualquer evento que dificulte essa dinâmica do retorno venoso provocará maior ou menor alteração na pressão venosa. Tanto o sistema venoso superficial, como o profundo ou ambos, podem estar envolvidos no desencadeamento e manutenção desse estado hipertensivo e a conseqüente estase venosa. Em situações de mau funcionamento venoso aquela pressão em deambulação diminui em apenas 20% e assim permanece após o repouso por um tempo excessivamente prolongado. Estabelece-se então o ambiente de hipertensão venosa crônica.

O bloqueio ao fluxo venoso – total ou parcial – pode ocorrer em algumas circunstâncias, tais como episódios de trombose venosa e compressões extrínsecas. Quando esse bloqueio se torna prolongado ou resulta em danos irreversíveis do sistema valvular o retorno venoso se torna ineficiente e toda uma sucessão de eventos vai se desencadeando, levando ao aumento da pressão venosa regional, dilatação das veias, mais incompetência valvular, mais hipertensão e assim sucessivamente.

O fator inequívoco e determinante é o refluxo venoso que decorre da falência do funcionamento do sistema valvular. Este, por sua vez, pode ser de causa primária ou secundário às doenças que interrompem ou dificultam temporária ou definitivamente o fluxo, tais como, trombose, compressões externas, varizes, etc.

A falência do sistema valvular e a hipertensão venosa dela resultante vão lentamente promovendo as alterações que desequilibram a relação de trocas metabólicas no leito venoso capilar. A manutenção do estado hipertensivo vai agravando esse desequilíbrio e vai iniciar a perda de substância que caracteriza a formação ulcerosa.

O sistema venoso, desprovido de sua capacidade de direcionar o fluxo para o coração, passa a acumular sangue não oxigenado e pobre de nutrientes, rompendo o equilíbrio nas trocas entre o meio intravascular e os tecidos perivasculares. A drenagem promovida pelo sistema linfático também fica comprometida, em grau variável, e o linfedema resultante agrava as condições do ambiente extravascular.

Várias teorias vem sendo apresentadas ao longo do tempo para explicar o desenvolvimento das úlceras num ambiente de hipertensão venosa cronificada, congestão venosa e hipóxia regional. Entre as hipóteses apresentadas na patogenia das úlceras de estase está a dificuldade de difusão do oxigênio para os tecidos através da espessa bainha de fibrina perivascular. Por outro lado, macromoléculas que vazam para os espaços perivasculares sequestram os fatores de crescimento necessários à manutenção da integridade celular cutânea. Além do mais, o fluxo de leucócitos torna-se lento pela congestão venosa, oclui os capilares, são ativados e danificam o endotélio vascular o que, por sua vez, prepara o ambiente para a formação da úlcera.

Na prática, ao pesquisar as possíveis causas de ulceras nos membros inferiores deve-se ter em mente:
Presença de varizes (essenciais ou secundárias),
História familiar de úlcera de perna,
Insuficiência valvular venosa profunda,
Síndrome pós-trombótica,
Compressões venosas extrínsecas.

Tratamento: O tratamento das úlceras venosas envolve um conjunto de medidas que deverão ser aplicadas de forma integrada. O tratamento divide-se em medidas gerais, específicas e o tratamento medicamentoso. A primeira recomendação é sobre a importância de educar e esclarecer o paciente sobre sua doença, seu envolvimento com o tratamento e o planejamento de cura, pois isto melhorará o prognóstico e evitará a recidiva. A seguir, reiterar a importância de uma nutrição otimizada que estimule a cicatrização da ferida, mantenha a imuno-competência e diminua o risco de infecção. Deve-se garantir também, uma dieta rica em proteínas, zinco e vitamina C.

Terapias complementares e tratamento de feridas As terapias complementares são definidas como aquelas terapias que geralmente estão à margem do setor de saúde oficial. A acupuntura é uma técnica oriental cada vez mais reconhecida e empregada ocidentalmente. Podendo ser usada em diversas patologias, e seus estímulos demonstram ter um importante papel na cicatrização. O caso relatado neste trabalho refere-se ao esquema de tratamento de uma paciente com quadro de úlceras varicosas, decorrentes de problemas circulatórios, e que tiveram o processo de cicatrização e melhora dos sintomas influenciados pelo uso de acupuntura e técnicas adjuntas.

MATERIAL E MÉTODO

Trata -se de uma pesquisa exploratória, descritiva e de campo, de caráter qualitativo, com o intuito de mostrar a evolução da proposta terapêutica no processo de cicatrização de úlcera varicosa e melhora da dor.
Realizado curativo oclusivo com neomicina pomada.

Local de estudo: domicílio realizado 10 sessões toda terça-feira início 08/10/13 término 10/12/13.
Ficha de avaliação Resumida referente a 08/10/13
Paciente: Z. M. C. Sexo: feminino
Peso: 86Kg Estatura: 1,57cm
P. A.: 120x80mmHg
-Queixa principal: dor tornozelo esquerdo decorrente da úlcera varicosa.
-Queixa secundária: ansiedade frente ao problema
-Cirurgia: catarata olho direito
-Antecedente doença: hipertensão arterial, hipercolesterolemia.
-Medicação: sinvastatina 20mg, diosmim, losartan 50mg.
-Sensação de calor ou frio: nega
-Transpiração: nega
-Sono: quando está com dor não dorme
-Língua: pálida e seca, inchada sem manchas e fissuras, sem saburra
-Pulso:
Direito: 1º fino e fraco / Esquerdo: 1º fino e fraco
2º profundo, fino e fraco 2º fino e fraco
3º fino e fraco 3º fino e fraco

DIAGNÓSTICO: deficiência yang do rim, estagnação de xue do fígado, deficiência de xue no coração, deficiência de qi do baço

– PROPOSTA TERAPÊUTICA: tonificar yang do rim, mover xue do fígado, tonificar xue do coração e tonificar o qi do baço.

– TRATAMENTO: BP6, CS6, E36, F2, IG4 bilateral + 4 magnetos ao redor da lesão + auriculoterapia (triângulo, tornozelo, pulmão e coração) com semente de mostarda.

–  EVOLUÇÃO: relata melhora da dor na terceira semana de tratamento, segundo escala visual analógica (EVA).
08/10/13: dor intensa 8
15/10/13: diminuiu pouco a dor 7
22/10/13: diminui nota 5
29/10/13: não tinha mais dor nota 1

RESULTADOS: Não houve melhora no aspecto da lesão, com formação de tecido de epitelização como desejado, porém a dor diminuiu significativamente, talvez devido à capacidade que o magneto tem de influenciar diretamente a circulação do corpo humano. Acreditamos que se o tratamento da úlcera venosa levasse mais tempo, os resultados poderiam ser diferentes, no entanto com dez sessões, totalizando setenta dias a paciente ficou sem dor, bem mais calma e tranqüila conseguindo voltar a realizar seus afazeres diários.

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