Ana Carolina Lemos de Oliveira
Daniela Ribeiro
Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso. Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir Polloni – CETN
As LER/DORT (Lesões por Esforço Repetitivo e/ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) podem ser definidas como uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não de alterações objetivas, que se manifestam principalmente no pescoço, cintura, escapular e/ou membros superiors em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos.
No contexto ocupacional, o Ministério da Saúde afirma que as LER/DORT representam o principal grupo de agravos à saúde do trabalhador, podendo acometer todas as faixas etárias e categorias profissionais expostas aos fatores de risco. Essas afecções são consideradas a segunda causa de afastamento do trabalho, podendo gerar incapacidade e sofrimento.
Na Medicina Tradicional Chinesa, acredita-se que o fator do problema é um desequilíbrio energético. A acupuntura é uma intervenção complexa que varia de acordo com o paciente, ainda que as queixas sejam similares. O número e a extensão dos tratamentos e os pontos utilizados variam de indivíduo para indivíduo e até mesmo durante o tratamento no mesmo indivíduo (ROSS, Jeremy,1994).
O objetivo deste estudo foi analisar outra forma de tratamento de MTC além das agulhas, optando pela Magnoterapia.
O objetivo do tratamento foi melhorar as dores acometidas devido a esse desequilíbrio energético, além do fator sintomático, fazendo com que o individuo retorne às suas atividades profissionais e pessoais, melhorando a qualidade de vida.
A magnetoterapia, segundo Souza(2005), é um sistema único derestabelecimento da saúde por meio da aplicação externa de magnetos permanentes (ou também chamados magnetos estáticos) ou eletromagnetos nas áreas afetadas ou extremidades do corpo. As aplicações dos campos magnéticos e dos imãs permanentes em diversas afecções se realizam desde muitos anos em diversas regiões do mundo. (Laaksoetal, 2009; Zayas Guillot, 2002).
Segundo Pittler Et AL. (2007) os magnetos conhecidos como estáticos são utilizados com o objetivo de reduzir dor de várias origens.
Princípios do magnetismo:
Para Pittler et al. (2007) existem dois tipos principais de magnetos: os magnetos estáticos (ou permanentes), no qual o campo magnético é gerado pelo spin de elétrons dentro do próprio material e o outro tipo são denominados eletroímãs, em que o campo magnético é gerado quando uma corrente elétrica é aplicada.
Segundo Sosa Salina & Ramos Gonzalez (2000) o eletroímã somente mantém suas propriedades quando conectado. A maioria dos imãs que são comercializados aos consumidores para fins de saúde estão na forma de magnetos estáticos de diferentes dosagens, tipicamente entre 30 e 500mT.
As pedras imãs mais fortes são obtidas naturalmente a partir da magnetite (Fe3O4), mas também estão associadas a outros minérios, incluindo produtos de oxidação da magnetita, a maghemita e a hematite (Wasilewski & Kletetschka,1999).
Efeitos biológicos do magneto:
Atualmente magnetos têm sido utilizados terapeuticamente em dores crônicas e agudas de animais e humanos. Magnetos têm sido construídos com um composto de ligas de alumínio, níquel e cobalto chamado alnico (Laakso ET al. 2009).
O polo norte tem uma ação inibitória, podendo controlar, por exemplo, o desenvolvimento e a proliferação de células bacterianas. O polo sul, por sua vez, irradia energia e força, fornece calor para área afetada, reduz a inflamação e alivia dores no corpo causadas por frio (Sosa Salinas & Ramos Gonzalez, 2000).
Entre os efeitos biológicos do magneto, cita-se a melhora do fluxo sanguíneo, aumento da taxa de excitação nervosa e de metabolismo intracelular, melhora o sistema osteomuscular, sistema digestivo, nervoso, urinário e respiratório. (Sosa Salinas & Ramos Gonzalez, 2000)
Muitas pessoas tem usado para amenizar dor, insônia, artrite, dor muscular, dor de cabeça e para aumentar a energia vital do corpo. Imãs permanentes são ferramentas seguras e versáteis para ajudar o organismo no processo de cura; a magnetoterapia é considerada segura, sem prejuízos, de baixo custo, sem efeitos colaterais (Escobar & Medina, 2001).
Esta técnica pode ser associada a qualquer outra terapia ou medicamento como acupuntura, moxabustão, acupressão, etc. (Sosa Salinas & Ramos Gonzalez, 2000). Ainda para Sosa Salinas & Ramos Gonzalez (2000), os imãs permanents devem ser usados no mínimo 10 minutos e máximo de 30 de 1 a 2 vezes por dia.
Contra-indicações:
A magnetoterapia é contra-indicada para: grávidas, Cardiopatas severos, Portadores de marcapasso, Pacientes sensíveis ao material, Pacientes com câncer, em especial próximo de tumors, Pacientes descompensados, Crianças (devido ao perigo de ingestão das peças)
Estudo de caso: paciente do sexo masculino com 62 (sessenta e dois) anos de idade com síndrome do Ombro Doloroso decorrente de LER/DORT:
Os atendimentos foram feitos na residencia do paciente. O paciente foi colaborativo em responder ao questionário de avaliação estando ciente do seu caso relatado neste estudo, tendo o termo de consentimento livre sendo assinado e esclarecido, assim sendo foram marcados os atendimentos para o início deste estudo.
O paciente foi tratado durante 5 semanas (abril a maio/2014), 2 vezes por semana, totalizando 10 sessões de 50 minutos cada.
Avaliação inicial (07 de abril)
Paciente: C.J.R., 62 anos, operador de máquinas aposentado.
Anamnese: Paciente com histórico de dor no ombro direito há mais de 10 anos. A dor iniciou quando ainda realizava suas funções como operador de máquina (montador de motores), a princípio apresentou formigamento no braço e dor em punho direito, onde foi realizado o tratamento de fisioterapia e injeções de antiinflamatório, porém sem repouso e sem mudança de função. Após aproximadamente 1 (um) ano o ombro já doía em queimação e pontada “como se fosse agulhadas” conforme relato do paciente, sendo mais uma vez tratado como anteriormente. Não havendo mudanças na função e nem repouso após 3 (anos) o paciente já não conseguia mais elevar o ombro direito acima de 90 graus que sentia muita dor. Fez exames de imagem (Ultrassonografia, Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética) onde mostrou bursite, ruptura total do tendão do supra-espinhoso e tendinite do manguito rotador. Sendo sugerido o procedimento cirúrgico, porém o paciente optou por não realizar, aposentando-se logo em seguida.
No exame de inspeção não foi observado alterações.
Ao exame de palpação foi referido dor na região do trajeto do meridiano do Intestino Grosso, Intestino Delgado, Triplo aquecedor e Pulmão. Dor que piora ao apertar e formigamento ao decorrer do dia. A dor foi quantificada através da escala numérica assinalada pelo paciente. Sendo no dia da avaliação quantificada como 10 (dez).
No dia da avaliação não fazia uso de nenhuma medicação e foi orientado a não ingerir nenhum medicamento durante o período do estudo. Paciente relatou ainda que sente mais calor e que seus pés são frios. Dorme poucas horas. Não relatou mais queixas
O exame da língua apresentava cortes no meio e palidez.
O exame do pulso apresentava-se fraco em Rim.
O Diagnóstico energético identificou deficiência do elemento água que afeta o elemento madeira e fogo.
Tratamento proposto:
O tratamento proposto: aplicar a magnetopuntura nos pontos R3, VB34, IG15, IG4, TA15, TA5, C7, P7, F3 e pontos ashi (dor) por 30 minutos.
Os magnetos utilizados foram os de ferrite com polo norte fixado na pele. E polo sul no ponto R3.
Da primeira à décima sessão foram aplicados sempre os mesmos pontos variando apenas os pontos ashi (dor).
O paciente realizou o tratamento sentado permanecendo com os imãs por 30 (trinta) minutos sendo estes retirados após o término do tempo.
Resultados:
O paciente apresentou melhora do quadro de dor apresentada na escala numérica de dor como 2 (dois) e também melhora significativa da amplitude de movimento, facilitando suas atividades de vida diária.
Discussão:
A LER ou DORT é considerada um mal resultante da sociedade urbana moderna, em outras palavras uma doença da atualidade. A agitada atividade da vida diária e ainda o envolvimento laboral, originam no cidadão comum, compromissos de crescente complexidade no ombro, que exigem nos dias de hoje, atitudes de diagnóstico e tratamento determinantes.
Nos últimos anos, tem ocorrido um aumento no uso de magnetoterapia e observa-se que as pessoas que sofrem de dores crônicas são as que mais fazem uso de terapias ditas naturistas ou alternativas (Spadacio et al., 2010)
O tratamento com campo magnético tem sido visto com ceticismo pela comunidade médica, no entanto, apesar de haver falta de evidência científica, esta terapêutica até recentemente representou menos de 1% dos orçamentos totais da área de pesquisa e está sendo reconhecido como recurso inexplorado (Richmond, 2008).
No presente estudo concluímos que os objetivos relacionados à analgesia foram satisfatórios, apresentando uma relativa diminuição da dor do paciente. Porém são necessários ainda muitos estudos com amostras maiores para que se possa chegar a uma conclusão com maior efeito com relação a tempo de aplicação e sessões.