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Tratamento da quelóide e cicatriz hipertrófica utilizando como tratamento a acupuntura: Estudo de caso

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BRUNA FUNÁRI SETTEMBRE

Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de Conclusão de Curso, Autora do artigo: Profa. Larissa A. Bachir – CETN

Na medicina ocidental o quelóide foi primeiramente descrito há mais de 3.000 anos nos Papiros de Smith, o qual descreve técnicas cirúrgicas usadas em cerca de 1.700 A.C. até cerca do ano de 1790, acreditava-se que o quelóide seria um tipo de hérnia da gordura (tecido subcutâneo) na pele. Em 1806 o cientista Jean Louis Albert, foi o primeiro que descreveu o quelóide na literatura científica ocidental. Denominou essa lesão de “cancróide” (do grego, cancro = semelhante a câncer ou canceriforme + óide = forma de), devido ao fato que muitas dessas lesões apresentam ramificações que lembram as patas do caranguejo (cancriforme).

Posteriormente, o termo “cancróide” foi substituído por “quelóide”, da palavra “chéloïde” em francês, que significa “garra ou pinça” (do caranguejo), para evitar confusões que poderiam ocorrer com o câncer propriamente dito e suas conotações. “Quelóide” significa “em forma de tumor”. É uma cicatriz espessa e elevada, que ocorre a partir de cicatrizes da pele, de forma quase exclusiva (existem raríssimos casos em que pode ocorrer na córnea). Até o presente momento, não há uma ligação genética definitiva em relação ao quelóide. A associação de quelóide e história familiar não é significativamente frequente.

Os fatores de risco mais comuns para o desenvolvimento de queloide são: tensão excessiva nas margens da cicatriz; cicatrizes dispostas em sentido contrário as pregas naturais da pele; suturas em regiões do corpo aonde a pele é mais espessa; feridas que evoluíram para uma infecção; e feridas que cicatrizam sem sutura. Os sintomas mais frequentes dos queloides são: coceira em 77%, dor em 20%, infecção em 2% e ulceração 1%.

Na medicina ocidental, observou-se que a quelóide apresenta em seu tecido uma quantidade aumentada de células denominadas mastócitos e da substância histamina, que ocorrem, tipicamente, em processos alérgicos.

Pessoas com alergias (rinite, sinusite, dermatite, asma ou bronquite) são mais frequentemente encontradas nos portadores de quelóide. Baseado nesses fatos, este artigo analisa um estudo de caso da queloide utilizando como única forma de tratamento: a acupuntura.

Foi realizada avaliação de acupuntura em uma paciente com queixa de queloide e cicatriz hipertrófica e realizado tratamento de 12 sessões, sendo seis sessões somente com tratamento local nas queloides e na cicatriz hipertrófica, 3 vezes por semana; e seis sessões semanais, após 1 mês de pausa, utilizando o tratamento sistêmico e local.

Avaliação: Paciente do sexo feminino, 26 anos de idade, branca, sem histórico de hipertensão, tipo sanguíneo O+. A paciente apresentava como queixa principal, uma cicatriz hipertrófica decorrente de uma cirurgia para retirada de um cisto, localizado próximo a região inferior escapular do lado esquerdo e dois quelóides na mesma região e lado, porém com localização mais superior.

O quelóide número 1 (figura 1) é o quelóide mais antigo e está localizado na região mais superior das costas. Ocorreu de forma espontânea, há cerca de 10 anos, após período de grande tristeza e preocupação.

O quelóide número 2 (figura 1) é o quelóide mais recente e está localizado logo abaixo do quelóide número 1. Surgiu decorrente de um cisto formado por corpo estranho, há cerca de 4 anos, após cirurgia para retirada do cisto. O corpo estranho foi provavelmente algum resto de material cirúrgico proveniente da cirurgia anterior para retirada do quelóide número 1.

A cicatriz hipertrófica (figura1) está localizada abaixo do quelóide número 2 . Decorrente de cirurgia para retirada de cisto.

A paciente apresentava outros dois quelóides, um na região glútea também à esquerda, e espontâneo e outro na região do lóbulo da orelha direita, após ser furada para colocação de brinco. O quelóide da região glútea foi retirado cirurgicamente, realizada betaterapia, feita compressão com silicone e evolui bem, praticamente imperceptível. O quelóide na região do lóbulo da orelha direita, recebeu injeções de corticóide e compressão e também é praticamente imperceptível, sendo perceptível somente a palpação.

Tristeza e mágoa esgotam o Qi do Pulmão e Coração e com o tempo fazem surgir uma estagnação do Qi do tórax. (MACIOCIA, 2006).

A paciente apresentou como queixa secundária, transpiração excessiva em todo corpo, durante o dia e a noite, mesmo sem esforço físico; com início após o período de tristeza que passou. E ainda, duas hérnias na região lombar, o que indica deficiência de Yin do Rim.

Transpiração espontânea durante o dia indica uma deficiência de yang ou de qi, normalmente, de pulmão ou coração. E durante a noite indica uma deficiência de yin. Transpirar pelo corpo todo, indica uma deficiência de Qi do pulmão. (MACIOCIA, G., 2006).

Após esse período de tristeza que passou, também desenvolveu dificuldade de falar em público, que aos poucos foi melhorando, mas não totalmente. Para MACIOCIA, A. 2006, a aversão ao falar também indica uma deficiência de Yang do pulmão.

Na avaliação observou-se o seguinte diagnóstico: Deficiência de Qi e Yang do Pulmão, Estagnação de Qi do tórax, deficiência de Qi do Baço Pancreas e deficiência do Yin do Rim.

Tratamento: O tratamento foi dividido em duas fases, a primeira foram seis sessões, três vezes por semana, utilizando de tratamento local nas quelóides e cicatriz hipertrófica. A Agulha utilizada foi a de 0,18X0,8mm. Abaixo seguem as fotos da aplicação local (Figura 1) e das sessões 1 e 6, com imagens de antes da aplicação e logo após.

Aplicação Local
Figura 1

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Sessão 1

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Sessão 6

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A fase dois, consistiu em 8 sessões semanais, após intervalo de um mês. O tratamento foi local e sistêmico. Os pontos utilizados no tratamento sistêmico foram: IG4, IG11, P8, E36, BP6, R3, F3, utilizando como técnica a ação energética dos pontos e agulhas de 0,25X30mm.

Sessão 1

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Sessão 6

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Resultados: Após a fase 1, observou-se melhora do aspecto da cicatriz hipertrófica, início de divisão do queloide número 2 e redução na altura do queloide número 1.

A paciente referiu bastante desconforto durante as aplicações, e a região ficou bastante dolorida.

A acupunturista referiu maior resistência da pele, quando as sessões foram mais próximas.

Acupunturista e Paciente relataram que as quelóides ficaram mais maleáveis. Paciente relatou que a queloide só fica maleável após a aplicação de corticoide injetável.

Após a fase 2, observou-se melhora significativa no aspecto da cicatriz hipertrófica, com alteração da coloração, a cicatriz tornou-se mais clara e diminuição pequena da largura da cicatriz.

O queloide número 1, obteve o melhor resultado com redução quase completa da altura do mesmo. A coloração continuou a mesma e a largura e comprimento também.

O queloide número 2, não teve alteração da altura e nem da largura ou comprimento, mas continuou o processo de divisão, aonde o centro começou a abaixar, o que segundo a medicina ocidental, demonstra início da fase de inatividade do mesmo.

Ao final do tratamento a paciente referiu melhora completa do quadro de sudorese intensa, não suando mais excessivamente, melhorando dessa forma sua qualidade de vida. Relatou também que as sessões de acupuntura promoveram uma sensação de bem estar e a deixou mais calma.

A paciente relatou que as sessões semanais da fase 2 foram melhores, porque a pele tinha tempo de se recuperar, e não era tão dolorido.

Conclusão: O tratamento de acupuntura têm efeitos positivos sobre o tratamento da queloide e cicatriz hipertrófica, obtendo melhores resultados quando utilizado tratamento local e sistêmico e sessões semanais.

O tratamento de cada paciente deve ser global, entendendo cada ser como único e com um desequilíbrio energético específico. Dessa forma, o tratamento sistêmico específico para o desequilíbrio energético em questão é essencial para se obter bons resultados. O estudo mostra que o desequilíbrio energético é sistêmico e não somente local.

Para o tratamento da paciente em questão, sugere-se maior número de sessões, uma vez que a mesma obteve bons resultados. Cada acupunturista deve avaliar seu paciente e verificar a necessidade do número de sessões, conforme evolução do quadro.

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