LUCIANA TIEKO LOPEZ
Monografia apresentada para obtenção de título de especialista- CETN – Bauru 2013.
1- OBJETIVOS
1.1- Objetivo geral
O objetivo deste trabalho é realizar revisão bibliográfica sobre a eficácia da acupuntura na cefaléia.
1.2 – Objetivos específicos
a) Conceituar a cefaléia e seus tipos;
b) Discorrer sobre os mecanismos de ação da acupuntura;
c) Analisar as medidas profiláticas da cefaléia;
d) Mostrar a eficácia da acupuntura no tratamento da cefaléia.
2- METODOLOGIA
O propósito deste estudo de revisão foi esclarecer e discutir a eficácia da acupuntura no tratamento da cefaléia, buscando demonstrar filosofias fundamentadas na literatura científica.
Foi realizada busca no Pubmed e Scielo.
Utilizando os termos “headache” e “diagnosis” buscou-se nas bases secundárias: Cochrane e Up To Date. Foram usados como limites adultos (19 anos ou mais) e as línguas portuguesa, italiana, espanhola e inglesa.
Estas buscas resultaram em 33 artigos que enfocam o tratamento de cefaléias, dos quais 6 foram selecionados para utilização na confecção desta diretriz clínica por tratarem também da acupuntura na cefaléia. Também foram utilizados outros artigos pertinentes sobre cefaléias, assim como diretrizes e consensos de sociedades médicas.
3- DISCUSSÃO
O interesse e a integração da medicina alternativa na prática médica convencional são as duas tendências de crescimento mais rápido na medicina atual. O apelo para os pacientes às terapias alternativas é evidenciado pelas estatísticas rotineiramente registradas nos principais jornais médicos.
Na acepção da acupuntura, as doenças se originam de formas diferenciadas, mas o desequilíbrio energético é o fundamento de todas elas. Para que qualquer função seja realizada (aqui no sentido de trabalho) é preciso que haja uma harmonia entre o individuo e a natureza e entre o individuo e a sociedade (BOEING, 2004).
A Medicina Tradicional Chinesa pressupõe que deva haver um objetivo de percepção dos padrões de desarmonia, assim como, a classificação e o tratamento.
A acupuntura já tem sua efetividade comprovada por sua ação analgésica local e central; ação antiinflamatória; ação ansiolítica; e melhora da defesa imunológica. A acupuntura de acordo com OMS – Organização Mundial de Saúde atualmente é vista como um tratamento complementar (YAMAMURA, 2008).
Vickers et al. (2004) usando escala de escore para cefaléia e questionário de qualidade de vida (SF 36), realizaram um estudo prospectivo, randomizado e controlado com 401 pacientes com queixa de cefaléia crônica, testou a acupuntura, 12 sessões em 3 meses, além da medicação contra os cuidados rotineiros, incluindo a medicação consagrada para cefaléia, o grupo de acupuntura teve melhora mais acentuada na escala de sintomas sendo a acupuntura 34% de redução de sintomas e grupo controle 16% de redução em sintomas.
Com inúmeros critérios para intervenção da acupuntura na cefaléia e sua eficiência Wink e Cartana (2007) evidenciando o efeito da crânio-acupuntura em conjunto com as outras duas técnicas desenvolvidas na proposta. Observando melhoras significativas quanto à qualidade do sono, função intestinal, tensão pré-menstrual, cólicas menstruais, níveis de ansiedade e medo.
Segundo Wen (2008) a técnica de acupuntura tem se tornado um método importante no tratamento de cefaléia primária, ou seja, sem causa conhecida, podendo ser aplicada com possibilidades de êxito em dor de cabeça vasomotora, em dor de cabeça de tensão, em dor de cabeça pós traumática crônica, como na cervical, decorrentes de tumores cerebrais, meningite, hematomas epidurais e arterite temporal.
O estudo de Lin et al. (2008) sobre a acupuntura na prática baseada em evidência mostra novas pesquisas mais variadas aumentando a esfera de tratamento em algias, sejam crônicas ou agudas,
Araújo e Almeida (2009) demonstram que o uso da acupuntura obtém menos crises que o uso de analgésicos e a técnica de terapia manual com a acupuntura foram observados que ambas poderiam ser usadas como tratamento único para crises de cefaléia e ter uma boa eficiência.
Plank et al. (2009) observando o aumento da incidência de cefaléia na população militar realizou um estudo piloto com 26 indivíduos que sofrem de cefaléia crônica diária, utilizou a acupuntura como opções de tratamento seguro e eficaz para os soldados. Tradicionalmente, os tratamentos de acupuntura são individualizados em cada visita. Os resultados mostraram melhorias contínuas 12 semanas após o último tratamento e uma redução na freqüência e intensidade de suas dores de cabeça.
Lin e Chen (2009) acreditam que esse efeito produz analgesia suficiente para diminuir os sintomas de dor.
Em pesquisa realizada por Sherman e Coeytaux (2009), a acupuntura parece ser superior ao cuidado usual para pessoas com cefaleia tensional, migrânea ou cefaleia crônica diária, contudo não é melhor do que a acupuntura Sham para cefaleia tensional e migrânea, levando em consideração a resposta fisiológica não específica.
Em contrapartida, Sun e Gan (2008) afirmaram, em uma revisão sistemática, que a acupuntura é um efetivo tratamento para cefaleia crônica.
De acordo com Pai (2010), a acupuntura atua aumentando a ação do Sistema Supressor de Dor. No encéfalo e no hipotálamo, existem complexos nervosos reguladores das sensações de dor, os quais, uma vez estimulados por agulhas nos terminais nervosos (pontos), geram um impulso que aumenta a liberação de neurotransmissores no complexo supressor de dor, ou seja, é produzido o efeito analgésico em nível cerebral. Além disso, atua na liberação dos neurotransmissores encefalina e dinorfina, que bloqueiam a transmissão de dor da medula espinhal para o cérebro e, nas células brancas do local inflamado, a acupuntura provoca maior concentração de endorfina, e esta atua como analgésico local.
Para Vercelino e Carvalho (2010) a acupuntura é uma das mais promissoras linhas de pesquisa no âmbito da dor aguda e crônica, sendo desvendados seus mecanismos neurofisiológicos através de pesquisas de ótimo nível em diversos centros do mundo. Os autores realizaram um estudo com o objetivo de revisar as substâncias neuroquímicas liberadas que favorecem a analgesia durante a acupuntura e mostrar as evidências dessa terapia no tratamento da cefaléia. Eles concluíram que a acupuntura favorece a liberação de diversos mediadores que promovem a modulação da dor e esse mecanismo pode justificar a sua eficácia no tratamento da cefaléia.
Hsieh et al. (2010) sugere que um mês de tratamento de acupuntura é mais eficaz na redução da cefaléia crônica do que um mês de tratamento relaxante muscular, e que o efeito permanece seis meses após o tratamento.
O estudo de Zhao et al. (2011) aumenta e indicação da acupuntura para cefaléia. Eles indicam a acupuntura combinada com outras terapias, tais como pontos de crânio-acupuntura, acupuntura auricular, entre outras, foram superiores à aplicação de acupuntura convencional sozinha. Os estudos clínicos destas terapias ainda estão limitados, embora tenha sido verificado a eficácia da acupuntura no tratamento de cefaléia neurovascular.
4- CONCLUSÃO
A dor é um dos fenômenos mais dramáticos, complexos e universalmente difundidos. Há uma ampla incidência de dores de cabeça, estando esta entre um dos principais motivos de queixa dos problemas clínicos.
É uma das doenças mais comuns no mundo ocidental, vindo afetar aproximadamente 80% da população acarretando um problema sócio-econômico.
Este estudo teve o intuito de verificar se a acupuntura seria adequada para a o tratamento das cefaléias.
Constatou-se que o tratamento é eficaz no retorno da mobilidade dos pacientes tratados, bem como, e principalmente a eficácia na redução do quadro álgico que acompanhava todos os pacientes apesar do baixo número de amostragem.
A acupuntura é uma forma segura e minimamente invasiva no procedimento e especificamente pode beneficiar os pacientes que não toleram os medicamentos para dor de cabeça. Mais estudos bem desenhados sobre a acupuntura podem vir a demonstrar os mecanismos analgésicos da acupuntura e valor na gestão de dores de cabeça diferentes.
Portanto, espera-se que novos estudos sejam realizados, a fim de buscar uma validade estatística e preencher a carência em que vive a Medicina Oriental Chinesa.
Adaptado por profa. Brena Benjamin Montanha.