Tratamento complementar consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo, liberando hormônios que trazem sensação de bem-estar aos bichinhos.
Aos 11 anos, Zé foi diagnosticado com duas doenças graves: efusão pleural e discopatia, caracterizadas pelo acúmulo de líquidos no tórax e por fortes dores articulares e na coluna. Foram mais de 50 sessões para drenar os pulmões e muitas avaliações neurológicas e ortopédicas até que o casal Flamíneo e Andréia Alves de Lima encontrassem na acupuntura uma solução para os problemas do cãozinho, adotado em uma feirinha de doação, em Sorocaba (SP).
Considerada um tratamento complementar que ajuda a diminuir o uso de medicamentos e seus efeitos colaterais, a acupuntura veterinária consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo ligados ao sistema nervoso central do cérebro, com eletroestimulação ou não, liberando hormônios que provocam uma sensação de bem-estar nos animais.
Como as suspeitas de tumores ainda não foram descartadas, explica a médica veterinária Giovana D’Andréa Pavão, o tratamento de Zé não inclui eletroestimulação, apenas agulhas. “Ele ficou mais calmo, tranquilo, sai do consultório relaxado”, conta Flamíneo. Até agora, o cachorrinho passou por três sessões de 15 minutos, com intervalos de uma semana para dar tempo dos estímulos responderem, mas os donos já sentiram os resultados. “Antes ele fazia pulsão a cada dois, três dias e agora demoramos nove, até 12 dias para levá-lo de novo”, comemora Andréia.
Sem contraindicação nem efeitos colaterais, a acupuntura é recomendada em casos de dores e paralisia de coluna, paralisia facial, sequelas neurológicas decorrentes de cinomose ou gerais (após AVC, por exemplo), sequelas dermatológicas, displasia coxofemural, displasia de cotovelo, sequelas cardíacas e período de recuperação pós-cirúrgico.
Além dos cães, os tratamentos incluem gatos, coelhos e até calopsitas. As sessões custam R$ 90 cada e a frequência varia de acordo com a situação do paciente, mas elas vão sendo espaçadas para o organismo não viciar e ir recuperando massa muscular até o bichinho ter alta. “As sessões não são indicadas apenas para acalmar o animal, esta é uma consequência”, ressalta a veterinária.
Apesar de muitas pessoas ainda não acreditarem nos resultados da acupuntura, a procura pelo tratamento na região vem crescendo. Só na clínica veterinária onde Giovana trabalha, são cerca de 20 a 30 pets acompanhados toda semana. “O animal tem que gostar para ter o benefício, não adianta vir forçado, mas 98% deles aceitam o tratamento e muitos até voltam a andar”, completa.
Implante de ouro
Mais incômodas durante as estações frias do ano, as dores crônicas, como artrose e displasia, podem ser evitadas com um tratamento mais avançado: o implante de ouro. Os filetes de 18 quilates estimulam os pontos de acupuntura e têm função anti-inflamatória e analgésica. “O animal é sedado durante o procedimento e o organismo produz uma cápsula ao redor do ouro”, explica a veterinária.
Apesar de mais caro que a acupuntura comum (custa cerca de R$ 1.200), o implante de ouro é realizado em apenas uma sessão e é ideal em casos de animais idosos com fortes dores ou quando os donos não têm condições de levar o bichinho ao veterinário com frequência.
Para ajudar a diminuir o sofrimento de Bela e Milka, de 15 e 13 anos, as donas Lisiane Char e Caroline Estanislau optaram pelo tratamento. As duas cachorrinhas já haviam feito algumas sessões de acupuntura antes para ver como os organismos reagiriam e agora passaram pelo procedimento de implante de ouro. “A Milka tem hérnia de disco no pescoço e dores no joelho, que só pioram com o frio”, completa Caroline.
fonte: G1