Vânia descobriu o câncer de mama em 2009. O diagnóstico foi feito no início da doença e, depois de passar por procedimento cirúrgico, ela enfrentou o tratamento com radioterapia. Mas o câncer não veio sozinho. Vânia Maria Baggio e Silva, hoje com 54 anos, sentiu muita dor, o que a levou a um quadro de depressão. Assim como ela, a dor afeta a maioria dos pacientes em tratamento. Um levantamento realizado pelo Instituto Oncoguia, em 2015, identificou que a dor crônica afetou a disposição de 89% dos pacientes oncológicos que responderam ao questionário. Mais de 80% relataram que a dor afetou o desempenho no trabalho, levando até mesmo à perda do emprego. As palavras mais utilizadas para descrever a convivência com o sintoma foram desânimo (40,4%), angústia (35,6%) e desespero (17,5%). Mais da metade dos entrevistados atribuiu à persistência da dor o surgimento de outros problemas de saúde, como depressão, ansiedade e aumento de doenças crônicas e obesidade.
Causas
De acordo com a médica do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Mariângela Pecly, pós-graduada em Acupuntura, Tratamento da Dor e Medicina Paliativa, a dor é um fenômeno complexo, multifatorial e de difícil avaliação. “Sua intensidade não é diretamente proporcional à severidade da doença e muitos são os fatores que podem influenciar a sua percepção como: raiva, medo, ansiedade, depressão e desamparo”, explica. As causas podem ser divididas em: própria doença, como invasão óssea e invasão visceral, em torno de 46% a 92% dos casos; relacionadas à doença, como espasmos muscular e constipação intestinal, em torno de 12% a 29% dos casos; e relacionadas ao tratamento da doença, em torno de 5% a 20% dos casos, como cirurgia, quimioterapia, radioterapia, etc.
Mais qualidade de vida
Um dos tratamentos que ajudou Vânia a vencer a depressão foi a acupuntura. Ela também fez terapia, ioga, quiropraxia e melhorou seus hábitos alimentares. “Hoje procuro coisas naturais, vou na feira ecológica, mudei meu estilo de vida. A doença dá uma sacudida na gente, hoje estou curtindo e aproveitando”, conta. Conforme Mariângela, com os avanços na medicina e nas diversas especialidades paralelas como a bioquímica, foram descobertos neurotransmissores como a serotonina, beta endorfina, dinorfina entre outros e a associação entre os mecanismos de ação da acupuntura e a produção dessas substâncias se tornou cada vez mais clara. “A acupuntura pode ainda atenuar efeitos colaterais indesejáveis relacionados à quimioterapia como: náuseas, vômitos, xerostomia e diarreia e aliviar quadros de ansiedade, depressão, insônia e dores em geral. Estudos mais recentes têm demonstrado que a acupuntura pode também ajudar a modular o sistema imunológico”. A atividade física também pode ser uma aliada no controle à dor oncológica. “Ela combate o desuso, a distrofia, a hipotonia muscular e a diminuição da amplitude articular decorrentes do repouso prolongado. Pode também propiciar melhora do humor, da função intelectual, da capacidade de autocuidado, do padrão de sono, ansiedade, depressão, e de um modo geral da qualidade de vida do paciente”, ressalta a médica.
fonte: Centro de Tratamento do Câncer | ctcan.com.br