Na medicina popular o alecrim é associado há séculos com boa memória. A pedido da rede britânica BBC, o médico Chris Van Tulleken investigou a base científica dessa crença.
Tipos de memória
A ciência moderna divide a memória em três tipos básicos.
Existe a memória passada: o que você aprendeu na escola, por exemplo. Existe a memória presente, usado minuto a minuto. E também a memória futura, ou “lembrar de lembrar”.
A memória futura é a mais completa para a maioria de nós. Quando falha, acontecem coisas como esquecer de tomar um remédio ou do presente de aniversário do cônjuge.
Existem estratégias para melhorar a memória passada, porém é mais complicado aprimorar a memória futura – e muitos adorariam ter uma receita.
A medicina, por sua vez, não oferece muitas alternativas. Há remédios que tratam a perda da memória associada à demência, mas não são totalmente eficazes.
Alecrim para memória e lavanda para dormir
O professor Mark Moss, na Universidade de Northumbria, está fazendo experiências para testar se o óleo essencial de alecrim pode ajudar a memória futura.
A equipe está usando o alecrim em tratamentos de aromaterapia, uma terapia com que usa os cheiros para tratar diversas condições.
Foram recrutados 60 voluntários mais velhos para testar os efeitos do óleo de alecrim e do óleo de lavanda. Eles foram postos em salas impregnadas com óleo essencial de alecrim, de lavanda ou sem aroma nenhum.
Os participantes recebiam a informação de que estavam testando uma bebida com vitaminas. Qualquer comentário sobre os aromas era descartado e considerado irrelevante, os pesquisadores diziam que o aroma tinha sido “deixado pelo grupo que usou a sala antes”.
A seguir os voluntários foram submetidos a testes de memória.
Os voluntários na sala com a infusão de alecrim conseguiram resultados melhores do que aqueles na sala de controle.
Os da sala com lavanda apresentaram uma queda significativa no desempenho. Lavanda é tradicionalmente associada com sono e sedação.
Aromaterapia
Para médico, a experiência não indica que as pessoas precisem passar o dia cheirando alecrim e a noite, dormindo em travesseiros de lavanda.
De acordo com os pesquisadores, alguns compostos do óleo de alecrim podem ser responsáveis por mudanças no desempenho da memória. Um deles é chamado de 1,8 cineol. Além de ter um cheiro muito bom (para quem gosta deste tipo de cheiro) ele pode agir da mesma forma que os remédios permitidos para tratar demência, causando um aumento em um neurotransmissor chamado acetilcolina.
Esses compostos fazem isso ao evitar a quebra do neurotransmissor por uma enzima. E isso é muito plausível – inalação é uma das melhores formas de levar drogas para o cérebro, o que é uma validação importante para a aromaterapia.
Mas isto também destaca que qualquer remédio com efeito que possa ser medido, mesmo se inalado a partir de um óleo essencial, também pode ter um efeito colateral. Não se pode mexer com a bioquímica do cérebro e esperar resultados simples.
“Nós passamos muitos anos criticando os tratamentos alternativos, mas acredito que exista um benefício real ao permitir que as pessoas assumam o controle da própria saúde com tratamentos que as façam se sentir melhor, mesmo se não pudermos provar como,” concluiu o Dr. Chris Van Tulleken, que acompanhou os experimentos.
fonte: BBC