Sentir dores intensas nas articulações dos pés, das mãos e do corpo todo, parar de fazer as caminhadas diárias e não ter ideia de como mudar a situação.
Foi isso que a vendedora Rosa de Fátima passou depois de ter sido picada pelo mosquito Aedes aegypti e contraído a chikungunya.
Mas depois que ela começou a aplicar sementes em alguns pontos específicos da orelha, a dor sumiu. “Depois disso não tive mais dor e consigo fazer tudo normal”, relata Rosa.
A técnica é chamada de auriculoterapia, que utiliza tecnologia semelhante a acupuntura, mas não usa agulhas e sim sementes para fazer o tratamento.
A vendedora conheceu a técnica ao participar do projeto Grupo de Atenção Integral e Pesquisa em Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa (Gaipa) – ação de extensão do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará.
A terapia complementar vem da cultura chinesa e já foi usada para o tratamento de várias doenças. A técnica é uma das 29 Práticas Integrativas Complementares ofertadas no SUS.
Melhora
“Devido ao baixo custo e ao relato na literatura científica sobre a sua efetividade no tratamento das dores musculoesqueléticas, o resultado foi positivo.
A medida que a demanda de pacientes aumentou na nossa unidade, nós sentimos a necessidade de fazer também uma capacitação de profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) para essas práticas integrativas”, explica o coordenador do Gaipa, Bernardo Diniz Coutinho.
O tratamento é oferecido pelos alunos da universidade e por profissionais que atuam nas unidades de saúde do SUS.
Os pacientes chegam com dor devido à chikungunya, passam pela triagem das unidades de saúde e são encaminhados para o tratamento. As aplicações são feitas de acordo com a situação de cada paciente.
“O paciente que procura o nosso serviço, normalmente, já vem com histórico de dor intensa, e isso acaba comprometendo a qualidade do seu sono, do seu estado de humor a suas relações sociais no trabalho, como o desempenho de atividades em casa.
Um paciente com histórico de meses de dor, sem melhora com o uso do tratamento de medicamentos, com a auriculoterapia ele relata melhora de redução da intensidade da dor no corpo, melhora da qualidade do sono e na hora que a gente avalia a capacidade física dele, de exames de testes clínicos confiáveis, nós percebemos também a melhora a parte funcional do corpo a partir da segunda sessão”, falou Bernardo.
Tratamento para chikungunya
Não existe vacina ou tratamento específico para chikungunya. Os sintomas são tratados com medicação para a febre (paracetamol) e as dores articulares (antiinflamatórios).
Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito e incluem, também dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.
Para Rosa, o tratamento com a auriculoterapia veio como um remédio e com pouco tempo de tratamento ela se sente renovada.
“Eu sempre caminhei e passei muito tempo sem poder caminhar depois da Chikungunya, só que depois de um mês de auriculoterapia eu voltei a caminhar. Hoje eu tenho uma vida normal”.
O Gaipa atua nas unidades de saúde com essas técnicas de práticas complementares há certa de dois anos, a fim de ofertar uma atenção integral, humanizada à população com esses tipos de doenças.
Além disso, realiza pesquisas para o aprimoramento da atenção à saúde, avaliando a eficácia, efetividade e segurança dos cuidados prestados.
fonte: Dourados Agora