Conhecendo a asma e bronquite a partir da medicina chinesa

A medicina chinesa considera que essas patologias não devem ser apenas a disfunções pulmonares, mas tratam-se de condições complexas envolvendo outros órgãos, a alimentação e os fatores psíquicos

Por Isaac Guimarães Jr

A asma também é comumente conhecida como bronquite alérgica, sendo uma condição que tende à cronicidade. Caracteriza-se pela presença de irritação e inflamação das vias aéreas respiratórias, com sensibilidade a vários estímulos (poeira, umidade, secura e frio).

A medicina chinesa considera que a asma e a bronquite alérgica são patologias complexas que envolvem outros órgãos além dos pulmões. Alguns fatores patogênicos podem se manter no organismo produzindo períodos de atividade e inatividade cíclica durante muitos anos.

Os principais sintomas são: sibilação, tosse produtiva e ruidosa, falta de ar e cansaço. Essa sintomatologia pode variar de pessoa para pessoa.

A asma e bronquite manifestam-se normalmente na infância, porém muitas pessoas continuam apresentado crises e remissões durante a adolescência e fase adulta.

As emoções têm uma participação significativa na perda do nosso equilíbrio interno. A medicina chinesa considera sumamente importante mantermos nosso psiquismo equilibrado, pois cada emoção tem uma espécie de ressonância com determinado órgão de nosso corpo, abertura somática e tecido orgânico, favorecendo ou desequilibrando a sua fisiologia. Os pulmões são lesados pela tristeza, pessimismo, lamentação, nostalgia, dificuldade em romper com laços que no presente não se fazem mais necessários ou positivos. O Baço é prejudicado pela preocupação, ansiedade, pensamentos fixos e cíclicos. O fígado sofre com o sentimentos de raiva, frustração, timidez. Os rins são afetados pelo medo, insegurança e indecisão. É interessante observarmos que os sentimentos descritos acima são especialmente sentidos na infância, no início do período escolar e também durante a adolescência. Nesses primeiros anos as mudanças físicas e psicológicas ocorrem em intervalos relativamente curtos fazendo com que seja mais difícil alcançar uma condição de estabilidade psíquica.

Com toda essa interdependência energética, o mal funcionamento de um órgão repercutirá sobre o arranjo funcional causando uma desordem complexa com o passar do tempo. Os pulmões possuem, de acordo com a medicina chinesa, uma função de dispersão e descida da energia. O fígado possui a função de elevação e expansão da energia e do sangue. Esses dois órgãos, fígado e pulmões, regulam os movimentos de subida e descida da energia e quando esse mecanismo é prejudicado, a energia, os fluídos orgânicos e até mesmo o ar ficam retidos em determinadas zonas, produzindo sinais e sintomas. Dessa forma, uma pessoa pode apresentar crises de asma com dificuldade inspiratória e outra pessoa com o mesmo diagnóstico clínico ocidental pode apresentar dificuldade no ciclo expiratório. A diferenciação através dos sinais e sintomas, associada à observação de condições bioenergéticas obtidas pela avaliação tradicional, irão definir o diagnóstico, o diagnóstico diferencial e a orientação terapêutica apropriada para o indivíduo na fase em que se encontra, bem como traçar estratégias durante a evolução do quadro clínico.

Tomemos como exemplo uma pessoa ansiosa, preocupada, que tem preferência por alimentos doces (os doces, além de atuarem como calmantes, interferem diretamente nas funções do baço/pâncreas). Esse indivíduo irá aos poucos, através de seu estado psíquico e hábitos alimentares, gerar umidade interna que irá manifestar-se em diversas formas de mucosidade. Se associarmos a essa condição interna uma variação climática externa, principalmente o frio, um quadro agudo de bronquite/asma poderá irromper. Fatores psíquicos como medo e tensão geram vasoconstrição e prejudicam ainda mais as pessoas que apresentam acúmulo de mucosidades.

Somente através de uma avaliação correta e de um bom conhecimento da rotina, hábitos de vida e alimentação, o profissional da área terá condições de saber em qual nível atuar (psíquico, orgânico-funcional ou estrutural).

A acupuntura é uma aliada eficaz em diversos níveis, porém tem capital importância nas disfunções psíquicas, energéticas e funcionais. Suplementos alimentares e ervas medicinais são utilizadas nas condições internas, quadros de deficiência e acúmulo de fatores latentes. Práticas físicas como Tai Chi Chuan (Taijiquan em chinês românico), Ioga (Yôga- palavra masculina em sânscrito) e artes marciais melhoram o funcionamento cardiovascular, a mobilidade torácica e o controle da respiração. Esses exemplos não excluem outras modalidades tais como natação, ciclismo ou corrida. As atividades devem ser prescritas levando-se em consideração a afinidade por determinadas práticas e também como o organismo responde a essas atividades, pois existem casos de agravamento desencadeados por esforços físicos.

A medicina chinesa propõe uma abordagem individualizada, compatível com as condições constitucionais da pessoa, levando em consideração muitos aspectos da sua vida antes de propor um tratamento. Normalmente, a abordagem é integrativa e atua em diversos níveis, de forma associada.

Aconselho sempre o acompanhamento de um profissional qualificado para fornecer orientação e tratamento, pois os profissionais que trabalham com medicina chinesa não tratam doenças e sim as causas bionergéticas que envolvem o processo de adoecimento, fortalecendo a imunidade natural e inata. Algumas indicações, dicas de saúde e alimentação encontradas em websites são genéricas.

Todas as disfunções energéticas envolvem conhecimento de semiologia, diagnóstico diferencial e raciocínio clínico. Sem esse embasamento e diferenciação, torna-se imprecisa a indicação de qualquer prescrição.

Isaac Padilha Guimarães Jr.
Fisioterapeuta Especialista em Acupuntura
Formação em Quiropraxia Clínica, Formação em Terapia Manual Ortopédica, Professor Titular do Instituto Brasileiro de Acupuntura e Moxabustão de Porto Alegre.

fonte: Epoch Times em Português