Não são só humanos que podem se beneficiar de tratamentos menos invasivos e, muitas vezes, até mais eficazes para a saúde. Um número cada vez maior de pessoas tem recorrido a terapias não convencionais para os bichinhos de estimação, buscando amenizar doenças físicas e emocionais e aumentar a qualidade de vida e o bem-estar dos pets.
Parte importante da medicina tradicional chinesa, a acupuntura é uma delas. Médica veterinária e acupunturista, Lígia de Morais Gomes explica que a ferramenta é indicada principalmente para pets com problemas neurológicos e articulares, mas que apresenta bons resultados no tratamento de doenças endócrinas, alérgicas, comportamentais e até oncológicas.
Segundo a profissional, a escolha do método – agulhamento seco, eletroacupuntura, farmacopuntura ou moxabustão – é feita após avaliação do histórico e das condições do paciente. Assim como os preços – R$ 90 a R$ 200 por sessão –, o tempo de tratamento também varia e está associado à gravidade e evolução do problema, à condição de saúde do pet e à cooperação dos tutores.
A especialista lembra, ainda, que as terapias complementares não são indicadas para substituir os métodos tradicionais. Muitas vezes, porém, quando associadas a tratamentos convencionais, ajudam a reduzir doses de remédios como anticonvulsivante e insulina.
“Em alguns casos, é possível suspender completamente antiinflamatórios e analgésicos usados no controle de dores e ainda desacelerar processos que levariam a cirurgia”, enfatiza.
Tiro e queda
Dona de Aurora, de 5 anos, a assessora pedagógica Juliana Junqueira Fonseca ficou encantada com a resposta da cadelinha ao tratamento com agulhas. Resgatada da rua, a pet teve cinomose – doença altamente letal – e acabou sem andar, devido à falta de resposta aos tratamentos comuns.
“Os resultados foram super rápidos, cerca de cinco sessões. Hoje, a Aurora leva uma vida normal, anda e até corre”, comemora Juliana, que estendeu a acupuntura para o outro pet da família, que tem problema neurológico.
Dona da shiba inu Olívia, de 1 ano e 5 meses, Maria Inês também apostou num tratamento ainda pouco usual na medicina veterinária para amenizar a ansiedade da pet e melhorar a convivência dela com a irmã, recém-chegada. Graças ao uso de florais, Olívia parou de lamber as patas excessivamente, por causa da ansiedade, e ficou menos agressiva e resistente à nova moradora.
Na aromaterapia, óleos essenciais diluídos são usados em massagens; tratamento não é indicado para gatos, que não metabolizam bem certas substâncias químicas
Harmonização
Responsável pelo tratamento da cachorrinha, a veterinária Judie Ribeiro, que é aromaterapeuta e terapeuta floral, explica que os líquidos extraídos de plantas agem no nível mais sutil do indivíduo, harmonizando as emoções, a relação do pet com o ambiente e ajudando a superar conflitos e traumas. “Os animais não têm comunicação verbal, acabam absorvendo muita coisa do meio e manifestando doenças”, justifica Judie.
Ela reforça que antes de optar por um tratamento com florais ou óleos essenciais (aromaterapia) é fundamental procurar orientação profissional. “Tem gente que usa floral ou essência de humano no animal e isso é muito perigoso. A concentração que indicamos para eles é 50, 100 vezes menor em relação à nossa. Se não forem administrados corretamente, podem se tornar tóxicos, levando à hiperatividade ou sedação”, alerta.
Na aromaterapia, óleos essenciais diluídos são usados em massagens; tratamento não é indicado para gatos, que não metabolizam bem certas substâncias químicas.
Animais costumam refletir alguns distúrbios dos ‘pais’
Equilibrar a relação do pet com o dono, com o meio em que vive e até consigo mesmo e tratar crenças e padrões que o impedem de viver plenamente e com saúde é a premissa do ThetaHealing. Técnica de cura energética, a ferramenta vem sendo usada também em cães e gatos que manifestam, através de doenças ou comportamentos insistentes, algo que precisa ser curado até nos próprios donos.
Cirurgiã-veterinária por 13 anos, a terapeuta holística Fernanda Pimenta dedica-se exclusivamente ao método há cerca de 1 ano e meio. Explica que há casos em que o animal transforma-se em uma espécie de espelho, refletindo comportamentos enraizados nos tutores ou em outras pessoas com as quais convive e que geram desequilíbrios de ordem emocional ou física. “Alguns animais sinalizam o que precisa ser curado no dono, repetindo comportamentos, como fazer xixi fora do lugar, ou apresentando doenças recorrentes, que não curam nunca”, explica Fernanda.
Segundo a profissional, que atende presencialmente em Belo Horizonte ou pelo Skype (clientes do Brasil e do exterior), a partir de um escaneamento energético do animal e de uma longa conversa com o dono dele é possível identificar o que precisa ser tratado em um ou, geralmente, em ambos. “Temos que entender o que aquele animal veio fazer aqui e do que precisa. Entendê-lo como um indivíduo. Quanto mais o dono cuida de si mesmo, mais colabora para o animal se harmonizar”, reforça a profissional.
A aromaterapia atua diretamente sobre o Sistema Nervoso Central, equilibrando neurotransmissores e tratando ainda problemas de pele; os óleos têm ação contra bactérias e fungos
Diagnóstico
A veterinária Juliana Marini Ribeiro e Souza, de 32 anos, levou o shih-tzu Eros, de 1 ano e 8 meses, para se consultar com a terapeuta holística. Além de ter desenvolvido um cálculo renal, o cachorrinho fazia xixi fora do lugar e frequentemente “visitava” a caixa de areia da gata, a outra pet da casa. “O cálculo foi ocasionada por excesso de energia acumulada. Além das sessões de ThetaHealing, a Fernanda indicou que ele fizesse também acupuntura para ajudar a circular essa energia”, comenta a dona do animal.
Ainda conforme Juliana, a ferramenta de cura energética mostrou que os comportamentos errados do cão eram forma de chamar a atenção para si mesmo. “Hoje é raro ele fazer o xixi no lugar errado”.
Fernanda Pimenta lembra que todas as doenças do corpo físico têm como causa um desequilíbrio energético. “Tudo o que chega na matéria tem uma matriz espiritual. Somos seres multidimensionais”, enfatiza a terapeuta, que cobra de R$ 150 a R$ 250 pelas sessões de ThetaHealing.
Além disso:
No bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte, a Vet Healing – Medicina Veterinária Integrativa, inaugurada há cerca de 4 meses, se propõe a prestar um atendimento que vai além dos tradicionais exames e tratamentos convencionais à base de remédios. Além de cães e gatos, o espaço, que em nada se assemelha às clínicas tradicionais, também atende animais silvestres.
“As doenças se manifestam de forma muito mais abrangente do que imaginamos. Por isso, quando avaliamos o animal, levamos em conta a queixa principal, mas também todo o contexto em que ele vive, o comportamento do dono e das demais pessoas com as quais convive, se estão passando por alguma mudança, dentre outros fatores”, explica a proprietária da clínica, a endocrinologista veterinária Gabriela Rodrigues Monteiro, também consultora em alimentação natural para cães e gatos.
Lá, os pets podem ser atendidos pela endocrinologista, fazer sessões de ThetaHealing, serem tratados com florais, acupuntura e até homeopatia. O objetivo principal é fazer uma espécie de “raio-X” do pet para descobrir as reais causas do problema manifestado fisicamente. Segundo Gabriela, muitos cães e gatos têm tendência a somatizar os fatores do meio em que vivem, manifestando-os no corpo físico. “Se não tratamos o contexto, o ambiente, não adianta tratar a doença. Alguns animais ficam mais propensos a absorver energias negativas, desequilibrando-se emocionalmente e manifestando doenças”, esclarece a profissional.
fonte: Hoje em Dia