O Ministério da Saúde anunciou a inclusão de dez novas práticas de medicina integrativa e complementar ao Sistema Único de Saúde (SUS). Com a adesão, o governo passa agora a oferecer 29 procedimentos terapêuticos à população. Especialistas ouvidos por A Tribuna On-line comentaram sobre os benefícios destas práticas, que atuam, principalmente, na prevenção de doenças, mas que também podem ser associadas aos tratamentos convencionais da Medicina.
Entre os novos tratamentos oferecidos pelo SUS estão: apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geogerapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais. A inclusão destes novos métodos, também chamados de alternativos, ao SUS baseou-se, segundo o Ministério da Saúde, em evidências científicas e na tradição.
Para o médico, psicólogo e blogueiro do Mais Saúde, Roberto Debski, a adesão de novas práticas ao SUS representa um ganho à população da rede pública, até mesmo em razão das evidências científicas, que têm mostrado os benefícios do tratamento integrado entre a medicina convencional e as práticas integrativas.
Especialista em homeopatia e acupuntura, hoje considerada a mais difundida entre as terapias integrativas no País, ele explica, no entanto, que elas não devem substituir a medicina tradicional.
“Elas vêm justamente para somar, integrar outros tratamentos, inclusive com um olhar mais preventivo, de promoção à saúde. Não vão substituir os tratamentos médicos, mas auxiliam em diversas doenças, entre elas a depressão, por exemplo”.
Desde 2006, já eram oferecidos pela rede pública os tratamentos de acupuntura, homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo. Em 2017, foram incluídas outras 14 práticas: arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturoterapia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa e ioga, algumas delas, inclusive, já oferecidas na rede pública da Baixada Santista.
Segundo Debski, apesar de não serem oficialmente aceitas pelos conselhos de medicina, e receberem muitas críticas por parte dos médicos, que fazem ressalvas à precariedade do atendimento básico de saúde no País, ele avalia que a medida pode vir a beneficiar muitos pacientes da rede pública de saúde.
“Há uma série de discussões a respeito disso, de você não ter dinheiro para coisas básicas e agora estar oferecendo essas práticas integrativas. Mas, na minha avaliação, uma coisa não deve excluir a outra. As novas práticas não são culpadas pela má gestão do SUS”, afirma, lembrando que há um crescimento nos últimos anos de profissionais capacitados e habilitados nestas novas práticas terapêuticas.
“São como a própria homeopatia e acupuntura, que no passado foram incluídas nesse rol e agora são reconhecidas na Medicina”.
Atualmente, no País, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a acupuntura é o tratamento mais difundido, com cerca de 707 mil atendimentos e 277 mil consultas individuais. Em segundo lugar, estão as práticas de Medicina Tradicional Chinesa com 151 mil sessões, como taichi-chuan e liangong. Em seguida aparece a auriculoterapia com 142 mil procedimentos. Também foram registradas 35 mil sessões de yoga, 23 mil de dança circular/biodança e 23 mil de terapia comunitária, entre outras.
Fisioterapeuta e docente no Senac Santos, Jéssica Rollo também é favorável à inclusão das novas práticas terapêuticas ao SUS.
“Acho que é super benéfico integrar e não substituir. Além disso, é muito mais fácil você trabalhar antes da doença do que depois dela. É sempre melhor prevenir do que tratar”, afirma a fisioterapeuta, que é especialista em cromoterapia, e costuma observar bons resultados da técnica, principalmente em pacientes idosos.
“Como eles acabam tendo algumas restrições para outras técnicas integrativas de massagem, por exemplo, a cromoterapia neles é muito utilizada e a melhora com ela é muito significativa”.
Na cromoterapia, o terapeuta utiliza as cores nos tratamentos das doenças, com o objetivo de harmonizar o corpo.
“A parte holística acredita que a doença atinge primeiro o emocional para depois afetar o físico. Então, a cromoterapia atua principalmente neste primeiro estágio e tem comprovação científica. Seu foco é na prevenção, mas ela atua muito no tratamento, como uma prática integrativa”.
Confira abaixo cada uma das dez novas práticas incluídas ao SUS:
Apiterapia – método que utiliza produtos produzidos pelas abelhas nas colmeias como a apitoxina, geléia real, pólen, própolis, mel e outros.
Aromaterapia – uso de concentrados voláteis extraídos de vegetais, os óleos essenciais promovem bem estar e saúde.
Bioenergética – visão diagnóstica aliada à compreensão do sofrimento/adoecimento, adota a psicoterapia corporal e exercícios terapêuticos. Ajuda a liberar as tensões do corpo e facilita a expressão de sentimentos.
Constelação familiar – técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou membros da família.
Cromoterapia – utiliza as cores nos tratamentos das doenças com o objetivo de harmonizar o corpo.
Geoterapia – uso da argila com água que pode ser aplicada no corpo. Usado em ferimentos, cicatrização, lesões, doenças osteomusuculares.
Hipnoterapia – conjunto de técnicas que pelo relaxamento, concentração induz a pessoa a alcançar um estado de consciência aumentado que permite alterar comportamentos indesejados.
Imposição de mãos – imposição das mãos próximo ao corpo da pessoa para transferência de energia para o paciente. Promove bem estar, diminui estresse e ansiedade.
Ozonioterapia – mistura dos gases oxigênio e ozônio por diversas vias de administração com finalidade terapêutica e promove melhoria de diversas doenças. Usado na odontologia, neurologia e oncologia.
Terapia de Florais – uso de essências florais que modifica certos estados vibratórios. Auxilia no equilíbrio e harmonização do indivíduo.
fonte: Ministério da Saúde | A Tribuna